Ao longo do seu desenvolvimento, as crianças vão adquirindo capacidades motoras que lhes permitem melhorar o seu desempenho físico e os movimentos do corpo.
É esperado que, ao longo do tempo, a criança vá dominando cada vez mais as suas ações motoras e passe a coordenar bem os movimentos executados, quer do ponto de vista da motricidade grossa, quer do ponto de vista da motricidade fina.
Correr no pátio, caminhar na rua, chutar uma bola, atirar um objeto ou até escrever os trabalhos de casa, exigem o domínio e a coordenação dos movimentos para que sejam realizadas com sucesso. Quer nas atividades domésticas, nas escolares ou outras, a coordenação motora é muito importante.
Se a criança não fizer controlo da sua coordenação de movimentos, se for lenta ou desajeitada, as suas atividades diárias (e.g., usar os talheres, atar os sapatos, vestir uma camisola), as suas aprendizagens e o seu sucesso académico, podem ficar comprometidos.
Se existir atraso no desenvolvimento da coordenação dos movimentos para o que seria esperado em crianças com a mesma idade cronológica, podemos ter presente uma Perturbação do Desenvolvimento da Coordenação, também conhecida como dispraxia (contudo, é necessário ser descartada a existência de algum tipo de défice na criança, por exemplo, visual ou auditivo).
O comprometimento da coordenação pode acontecer ao nível da motricidade fina, grossa ou ambas.
As dificuldades podem estar presentes desde uma idade muito precoce e os primeiros sinais podem aparecer quando a criança começa a andar ou a sentar-se mais tardiamente.
Em idade escolar, a escrita pode ver-se afetada, pode existir um baixo controlo do uso do lápis e a força que exercem sobre o papel pode ser grande.
Crianças com problemas de coordenação motora, podem desenhar linhas tortas, letras pouco precisas, tropeçar facilmente ou deixar cair objetos das mãos com maior frequência (Jongmans et al., 2003; Santos et al., 2004).
O estudo de Smits-Engelsman et al. (2020), verificou que as crianças com perturbação do desenvolvimento da coordenação eram menos hábeis para aprenderem novas competências do que as crianças com desenvolvimento típico.
Embora exista a falta de coordenação ou da precisão de movimentos, as crianças com este tipo de problema podem ter uma vida tão normal como as outras crianças sem este comprometimento.
A aplicação de estratégias e programas baseados no treino de atividades de motricidade grossa, de motricidade fina, exercícios sensoriomotores ou treino de capacidades de movimentação no espaço ou a prática de atividade física, são exemplos de ações a considerar para o fortalecimento da coordenação motora das crianças.
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Lídia Serra é Doutora Internacional em Neuropsicologia pela Universidade de Salamanca.
Docente de Neurociências e Neuropsicologia do ISEIT – Instituto Piaget de Almada; Docente da UC de “Niveles Táctiles, Motricidad, Lateralidad y Escritura” e Diretora de TFM do Máster en Neuropsicología y Educación da Univerisdad Internacional de la Rioja, Espanha. Membro do Centro de Investigação CLISSIS da Universidade Lusíada de Lisboa.
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