No dia 27 de janeiro do ano passado, um bebé de oito dias morreu "por falta de socorro médico" do hospital de Portalegre. A operacionalidade da Viatura Médica de Emergência e Reanimação "não estava operacional" por falta de médicos. Mais recentemente soubemos que a viatura de emergência médica de Portalegre esteve inoperacional mais de 700 horas num ano. O Regulador da Saúde abriu um processo contraordenacional na sequência da avaliação ao caso de um bebé de seis dias que morreu em Janeiro de 2022.
Outra notícia de há algum tempo atrás, referia: idoso com 89 anos morre à porta de centro de saúde de Pedras Salgadas, em Vila Pouca de Aguiar que não o assistiu. Também em Serpa outra notícia muito grave: homem morre à porta de hospital após esperar uma hora por assistência médica. Outra em Loures: um idoso morreu no corredor do hospital após esperar seis horas com a anca partida.
São umas atrás das outras as falhas gravíssimas ocorridas no SNS – Sistema Nacional de Saúde. O SNS entrou num nível de degradação nunca antes visto! Já ninguém tem mãos para resolver este dramático problema!
Por vezes temos a tendência em olhar para os problemas com alguma distância e pensar que são casos pontuais e mediáticos. Mas quando nos tocam à porta a situação torna-se mais evidente. A nossa revolta agudiza-se exponencialmente!
Infelizmente são várias ocorrências claramente desastrosas que verifiquei diretamente com familiares, nomeadamente no recurso das urgências do Hospital Espírito Santo de Évora (HESE). Pude comprovar que pessoas com problemas cardíacos graves passam horas a fio para serem atendidas no HESE. Pude verificar pessoas à espera há mais de 13 horas do respetivo atendimento. Pude verificar idosos e outros pacientes a desistirem do atendimento por exaustão. Pude verificar que o melhor informador do ponto de situação dos tempos de espera era um porteiro da instituição. Ao que chegamos!
Pude verificar que não foi só essa vez. Pude verificar sentado ao lado de um familiar idoso que o tempo de espera era ilimitado. Pude verificar que a indisposição e exposição dos doentes a outras doenças era uma evidência terrível! Pude verificar que as cadeiras geram ainda mais indisposição e desconforto! Chega-se ao ponto limite da exaustão! E ninguém refila, por que estão doentes! Sussurra-se!
Pude verificar recentemente que um idoso com 93 anos (idade em que as pessoas ficam naturalmente baralhadas, confusas e desorientadas) foi deixado no corredor, sem qualquer precaução e acompanhamento mínimo. Sim, pude observar que se perdem os utentes no HESE! São deixados com alta, telefona-se às famílias e depois ninguém sabe onde estão! Sim, pude verificar que os utentes são encontrados no meio da rua complemente perdidos e exaustos. Sim, não permitem que sejam acompanhados por familiares, para evitar precisamente estas situações e ajudar quem trabalha arduamente!
Sim, passou-se esta semana no Hospital Espírito Santo de Évora (HESE). Resta-nos queixar e perder a esperança neste SNS, vendido ao desbarato!
Sim, há demasiada arrogância num sistema falhado e anquilosado!
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