15 Fevereiro 2024      18:59

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Os clamorosos erros das sondagens

 As eleições dos Açores são apenas maisum exemplo!

A sondagem da Católica para o PÚBLICO e RTP para as eleições nos Açores, realizada poucos dias antes das eleições, apontava um empate técnico entre direita e esquerda, com vantagem do PS (estimativa de 39%) sobre a coligação PSD/CDS/PPM (estimativa de 36%).

Ao contrário do valor apresentado por estas sondagens, a coligação PSD/CDS/PPM venceu as eleições legislativas regionais dos Açores.

De acordo com a informação da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, a coligação tripartidária obteve 42,08% dos votos e 26 lugares no parlamento regional, que é constituído por 57 deputados.

O PS conseguiu 23 deputados, tendo obtido 35,91% dos votos. O Chega ficou em terceiro lugar, com 9,19% dos votos e cinco deputados, mais cinco do que nas últimas eleições. O Bloco de Esquerda elegeu apenas um deputado, perdendo um parlamentar em relação às eleições anteriores. A IL, que conseguiu 2,15% dos votos, manteve o deputado que conquistara em 2020, assim como o PAN, que teve 1,65% na votação.

Por isso mesmo, questiono se podemos confiar nas sondagens que nos são mostradas sistematicamente? Questiono qual o grau de fiabilidade com que são trabalhadas as referidas sondagens? Questiono se existem interesses estranhos na divulgação «de certas» sondagens?

Os resultados das sondagens pré-eleitorais, que medem intenções de voto junto de amostras e as inferem para o eleitorado, são habitualmente confrontados com os resultados das eleições subsequentes, verificando-se discrepâncias entre umas e outros, segue-se controvérsia pública.

As respostas a estas questões podem ser lidas nos novos livros de Luís Paixão Martins, especialista em comunicação política. Chama-se «Como mentem as sondagens» e segue-se a «Como perder uma eleição», a obra anterior.

E tal como ele refere «a consequência da divulgação das sondagens leva o eleitor a pensar que se determinado partido vai ter maioria absoluta, ele não precisa de exercer voto útil, ou mesmo de votar, o que provoca abstenção e impede o voto útil, ao estilo `se vão ganhar para quê que vou votar naquele partido». Este é um exemplo em como as sondagens podem ser perversas para a realização de eleições.

As sondagens mal realizadas ou mal-intencionadas podem levar a mudar o sentido de voto. Podem influenciar o eleitor.

Em termos práticos, não são um elemento positivo de decisão, mas sim um elemento influenciador.

Na minha opinião devíamos acabar com as sondagens próximas de atos eleitorais. Estou convencido que a democracia tem muito a ganhar.