11 Março 2023      11:49

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Aplicação

Comprei um aparelho novo que faz chamadas e me permite estar em contacto com todo o mundo e, em algumas situações, com o além (pelo menos é o que aparece escrito na publicidade).

O novo aparelho é commumente designado como telemóvel ou smartphone. Dizem-me que abre portas e janelas e mundos e tudo. Era um modelo não muito moderno, mas seria aquele que me iniciaria na narrativa do mundo dos telemóveis e das coisas que vivem dentro dele.

Essas coisas, aprendi, chamam-se aplicações. Há-de de todo o tipo, para todos os gostos.

Antes deste novo instrumento, nem nos recordamos bem de como passávamos o tempo.

Em minha casa sempre houve telefone. Era um telefone preto, que se discava e lá marcava o número para onde se pretendia comunicar. Ao mesmo tempo era o telefone público, ao qual os vizinhos recorriam para falar com pessoas que estavam longe, sem usar a palavra escrita.

Quando entrei para a Universidade, ano de lo 1998, foi um dos anos que coincidiu com os primeiros telemóveis. O meu primeiro foi um Alcatel, azul, que deixava em casa devido ao seu peso. Era, portanto, um telefixo, como lhe alcunharam alguns dos meus colegas.

Nos anos seguintes, tive outros telemóveis que foram mudando de formas… uns mais robustos, outros mais moldáveis, mas todos limitados a fazer chamadas.

Anos depois, eis que foi possível tirar as primeiras fotos, de qualidade restrita. Ainda hoje guardo algumas dessas fotos.

Porém, tudo evolui. Anos depois, o meu primeiro smartphone com aplicações limitadas… foi nessa altura que contactei com aplicações.

Nada daquilo que temos hoje! Cada um dos quadrados que hoje povoam o nosso telemóvel, representa um mundo diferente e novo em si.

Atualmente, há aplicações para guardar dinheiro no banco, chamar transporte, jogar jogos, encontrar o amor, guardar fotografias, partilhar a vida ao mesmo tempo que se espreita a dos outros, fazer a árvore genealógica… e tanto que poderia escrever páginas e páginas…

As aplicações são tantas e tão diversas que nunca as terei, nem todos as poderemos enumerar todas. E elas continuarão a multiplicar-se e a aparecer como cogumelos.

E as mesmas, penso, continuarão durante anos e anos no futuro e, no dia em que nos esqueçamos da palavra aplicação, decerto tal não significará o seu fim, mas a sua evolução.

Assim acontece na maioria das coisas. E da palavra coisa, que não diz nada e diz tudo, não nos esquecermos.