2 Outubro 2022      09:56

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“Alentejanos de gema” – Henrique Pousão

por Joana Casca

Henrique Pousão foi um pintor português, pertencente à primeira geração naturalista. O alentejano, conhecido como o mais inovador pintor português da sua geração, destacou-se pela sensibilidade com que retratava os sítios por onde passava. Hoje em dia, as suas obras já chegam a cidades como Roma e Paris.

Henrique César de Araújo Pousão, conhecido como o pintor mais inovador da sua geração, nasceu em Vila Viçosa, a 1 de janeiro de 1859. Filho de Francisco Augusto Nunes de Pousão, bacharel em Direito, e de D. Maria Teresa Alves de Araújo e neto e bisneto de pintores, começou desde muito cedo a manifestar o seu talento como pintor, evidenciado, sobretudo, em retratos a lápis. 

Em 1872, com apenas 14 anos, o alentejano muda-se para o Porto, para investir na sua carreira profissional. Nesse mesmo ano, em outubro, aconselhado pelo seu mestre que lhe dava aulas particulares, o pintor António José da Costa, matriculou-se na Academia Portuense de Belas Artes, no curso de Pintura Histórica, onde facilmente se distinguiu e recebeu vários prémios. Concluiu aí os seus estudos em 1880. 

Em novembro de 1881, parte para Paris como bolseiro do Estado. É aqui que frequenta a Escola Nacional de Belas Artes e é discípulo de Alexandre Cabanel e Adolphe Yvon. No entanto, com a saúde debilitada devido a uma bronquite aguda, acabou por procurar melhoras na região de Puy-de-Domes, na aldeia de Saint-Sauves. Por questões de saúde troca França por Itália, (Roma) onde se tornou sócio do Círculo de Artistas e frequentou sessões noturnas de Modelo Vivo. Desta temporada na “cidade eterna”, destaca-se o quadro Cecília, que retrata uma jovem que se encontra sentada a orar junto a um pilar da Igreja de Santo António dos Portugueses.

O agravamento do seu estado de saúde fez com que o pintor se mudasse outra vez. Abandonou Roma e foi para Anacapri, uma comuna italiana, na província de Nápoles, na ilha de Capri. Foi em Nápoles, Capri e Anacapri que elaborou algumas das suas melhores pinturas. Retratou as encantadoras paisagens mediterrâneas locais e aperfeiçoou o sentido da luz e a dimensão da cor, que soube exprimir através das suas obras, da quais se destaca a pintura Casas Brancas de Capri. 

Tendo sido considerado como uma das maiores figuras da Pintura Portuguesa da segunda metade do século XIX, Pousão desenvolveu toda a sua produção artística ainda em fase de formação. As suas obras são marcadas pela sensibilidade com que absorvia e retratava os locais por onde passava. 

Foi o contínuo agravamento do seu estado de saúde que o trouxe de volta a Portugal. Na viagem de regresso visitou inúmeras cidades, tendo sido a última paragem em Olhão, onde era esperado pelo pai. Depois de alguns dias no Algarve volta para o Alentejo, para Vila Viçosa, onde acaba por falecer a 20 de março de 1884, com apenas 25 anos, vítima de tuberculose. Encontra-se sepultado no cemitério local da sua terra natal. 

Em 1888, e por constar no testamento do pai, o espólio do pintor português foi cedido à Academia Portuense de Belas Artes. Hoje em dia, uma parte substancial da sua obra encontra-se exposta no Museu Nacional de Soares dos Reis, na cidade do Porto. Henrique Pousão destaca-se como o pintor da primeira geração naturalista mais bem representado na coleção do Museu, não só pelo vasto conjunto de peças, mas também pela qualidade pictórica que as mesmas apresentam. 

Hoje em dia as suas obras são expostas em vários museus, não só em Portugal, mas também em Roma e em Paris. 

 

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