O grande prémio SOS Azulejo 2022-23 foi atribuído, pelo Museu da Polícia Judiciária, ao projeto “Monforte Sacro”, que apresenta cerca de 16 mil azulejos que remontam ao século XVIII e que retratam a vida da rainha Santa Isabel, revelou aquela autoridade.
Desenvolvido pela Câmara Municipal de Monforte e pela Santa Casa da Misericórdia local, este projeto passou pela reabilitação da antiga Igreja do Espírito Santo, tendo a inauguração do museu acontecido em outubro de 2023, após um investimento de cerca de 800 mil euros.
O presidente da Câmara Municipal, Gonçalo Lagem, falou à agência Lusa e mostrou-se “bastante orgulhoso” com a atribuição deste prémio, lembrando que “este projeto diferenciador” estava a ser desenvolvido com a Santa Casa da Misericórdia de Monforte desde o ano de 2006.
“É um projeto diferenciador que demorou muito tempo a ser concretizado, estamos a falar de um património azulejar nacional, de uma relíquia e tesouro nacionais e que resultou numa magnífica obra que vai ao encontro de todos os requisitos para ganhar o prémio, que passa pela defesa, proteção e valorização do património azulejar nacional”, afirmou.
Inicialmente, os azulejos encontravam-se instalados na antiga igreja do Convento do Bom Jesus, em Monforte, templo que, nos anos 40 do século XX, foi demolido.
Os painéis, propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Monforte, foram salvaguardados, tendo ficado guardados em 59 caixotes de madeira.
Em 2006, a Santa Casa da Misericórdia e a Câmara de Monforte assinaram um protocolo de colaboração, tendo em vista a valorização do conjunto de azulejos. Ao abrigo deste protocolo, a transferência dos materiais seria efetuada para instalações municipais, para que fossem realizados os trabalhos de montagem de painéis, registo e reacondicionamento das peças.
Já em 2012, assinalou o município, foi dado início ao projeto de valorização dos azulejos que, numa primeira fase, envolveu a abertura dos caixotes, a remontagem dos painéis e a inventariação.
O espólio é composto por painéis figurativos alusivos à vida da rainha Santa Isabel, momentos da vida de São Francisco e painéis não figurativos.
Os prémios SOS Azulejo, promovidos anualmente pelo Museu da Polícia Judiciária, pretendem reconhecer o trabalho desenvolvido no âmbito da proteção e da valorização do património azulejar nacional ou de origem e tradição portuguesas.
Para além desta distinção, o Museu da Polícia Judiciária atribuiu ainda uma menção honrosa ao artigo “GIS based inventory for safeguarding and promoting Portuguese glazed tiles cultural heritage”, publicado em revista científica e elaborado por Bertha Maria Batista dos Santos, Jorge Humberto Gaspar Gonçalves, Pedro Gabriel de Faria Lapa Barbosa de Almeida e Ana Maria Tavares Ferreira Martins Nepomuceno.
Artur Goulart de Melo Borges recebeu o Prémio Extraconcurso, pelo mérito e pela relevância do trabalho dedicado à valorização e divulgação do património cultural português, que inclui o património azulejar.
A Associação Nacional de Municípios Portugueses, a Rede de Investigação em Azulejo da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, a Universidade de Aveiro, o Instituto Politécnico de Tomar, a Guarda Nacional Republicana (GNR) e a Polícia de Segurança Pública (PSP) são os parceiros do projeto SOS Azulejo.
Fotografia de cm-monforte.pt
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