14 Agosto 2022      12:15

Está aqui

Almas desalinhadas

Uma caiu, e a seguinte ameaça percorrer o mesmo caminho.

Há nuvens com formatos por desvendar que cobrem a minha cabeça, há um sentimento novo que me agarra e promete ficar até aos finais dos meus dias.

A cor azul prende-me para que nunca mais seja largada contra o vento. Sorrio pela solidão ser tão colorida.

Uma dor está deitada sob o meu corpo e forma um novo corpo que se junta ao meu. Uma vontade. Um desejo. Foi prometida a eternidade e não há rasto.

Atentamente, olho para o seguinte e um sorriso nervoso é chutado contra a minha face. Começou tudo de novo. Estou no nível 0 e, por incrível que pareça, não me sinto perdida.

Marco presença na corrida de pensamentos que habita na minha mente, sempre que fecho os olhos sou empurrada dentro da mesma e fico ferida.

Entre sonhos e uma vida, sussurro palavras de reconforto, abraçando-me prometendo dias melhores.

Com saudades incutidas falsamente nas minhas veias, os meus olhos abrem lentamente. Grata por finalmente conseguir ver as cores que me são transmitidas, sigo-as esperançosa com um propósito final: o arco-íris.

Dentro dos braços onde sentia casa, sinto um frio estranho que me faz arrepiar. Um vazio na voz que, outrora, era dona de mim. As paredes avisam-me do perigo e persisto.

O meu coração entra numa disputa não agradável com a minha mente e corro. Como nunca correra. Pingas de chuva sobressaem pela minha pele medrosa e afasto-as. Como duas almas desalinhadas.