Por Jorge Pais, Presidente da Associação Empresarial de Portalegre.
Foi com alegria que, na sequência dos artigos de opinião que fizemos sobre os mesmos temas, soubemos das coincidentes afirmações do novo presidente da CCDRA - Ceia da Silva - ao mostrar mais ambição para além do «Pisão», no caso do Alto Alentejo, e avisando da tentativa de mobilização das CIM e do Conselho Regional para que possam reivindicar os financiamentos que a região precisa para «fixar empresas, criar emprego e manter aqui os nossos jovens», nomeadamente a ligação da A6 à A23!
Se alguma vantagem trouxe esta ambígua e imperfeita tentativa de aproximação ao processo de regionalização, foi justamente a de libertar um pouco os presidentes das CCDR de terem de ser a «voz do dono», dado que deixaram de ser escolhidos e nomeados pelo governo para serem eleitos pelos autarcas.
Acreditamos que tais afirmações resistam a todas as intensas pressões que se irão fazer sentir e não sejam reduzidas a boas intenções de um presidente acabado de eleger que, cheio de fresco entusiasmo, procura maior consensualidade e abrangência, em contextos mais de dimensão jornalística que de efectiva operacionalidade.
Todos sabemos que não vai ser nada fácil obter os tais financiamentos, basta constatar a sua ausência no plano de investimentos do Estado e recordar o discurso recente da Ministra da Coesão, sendo pois indispensável, como se costuma dizer, «fazer muito bem o trabalho de casa»! Que consiste em mobilizar e agregar em torno dos objectivos as forças vivas da região, pelo menos a sua maioria, autarcas, deputados, direcções regionais dos partidos políticos, instituições cívicas, sindicatos, associações empresariais, comunicação social, escolas, enfim cidadãos em geral!
Só com uma base regional sólida, esclarecida e motivada é que vamos lá! As reivindicações têm de ser concisas, claras e com um plano de execução realista, devendo ser apresentadas ao Conselho Regional como uma decisão já tomada pelo Alto Alentejo!
O Conselho Regional do Alentejo será chamado a manifestar o seu solidário apoio a estas reivindicações do Alto Alentejo, não a proceder à sua avaliação, condicionar ou diluir a sua prioridade, no âmbito mais geral de outras justas reivindicações dos Alentejos Baixo e Central.
A força do Alto Alentejo é que tem de vingar, provocando uma «vaga de fundo» na defesa das 3 ou 4 reivindicações fundamentais para o futuro da região.
As intenções de Ceia da Silva, que saudamos, têm de ser sustentadas nessa «vaga de fundo» resultante de um consenso alargado e actuante das forças sociais e políticas do Alto Alentejo, que devem reunir e definir as prioridades, preparando-se para com muita resiliência articular esforços e iniciativas para as tornar realidade!
Exortamos pois os responsáveis políticos da região, o próprio presidente da CCDR, o presidente da CIMAA, ou mesmo os deputados, entendendo que de alguma destas entidades deve partir a iniciativa do convite para uma reunião com todas as forças vivas da região, dando corpo ao início da «vaga de fundo» que cimente e consolide a força do Alto Alentejo!
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Natural de Portalegre, onde reside, Jorge Pais preside ao Núcleo Empresarial da Região de Portalegre (NERPOR). Casado, com um filho, licenciou-se em Direito e tem formação complementar em economia. Jorge Pais é ainda vice-presidente da CIP.