23 Setembro 2023      10:05

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Azeite pode tornar-se um luxo a que poucos chegam

A campanha de comercialização de azeite para a temporada 2022/23 nas áreas de mercado do Alentejo, Ribatejo e Trás-os-Montes registou um aumento nas cotações, variando entre 3,5% e 5%, em comparação com a semana anterior. Esta subida nas cotações ocorreu devido à oferta limitada a média de azeite em contraste com uma procura elevada. Além disso, a qualidade do produto foi considerada boa.

No entanto, esta campanha é marcada por uma considerável quebra na produção, principalmente no olival tradicional, devido a vários fatores adversos, como um ano de contra-safra, condições meteorológicas desfavoráveis, incluindo uma seca extrema e altas temperaturas, bem como ataques tardios da mosca da azeitona e gafa devido à ausência de tratamentos. As estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam uma produção de cerca de 126.000 toneladas, representando uma diminuição de 40% em relação à campanha anterior, embora ainda seja a quarta melhor produção de azeite de sempre.

Comparando o primeiro semestre de 2023 com o mesmo período do ano anterior, o saldo comercial português neste setor diminuiu, mas Portugal mantém um superávit de cerca de 169 milhões de euros. A quebra na produção, o aumento dos preços dos combustíveis e dos fertilizantes são fatores que contribuíram para esse aumento. O preço do azeite está em alta, podendo chegar a 10 euros por litro em breve, devido à redução na produção e aos aumentos nos custos de produção.

A colheita da azeitona em Trás-os-Montes inicia-se em breve, mas as perspetivas para o setor são desafiadoras pelo segundo ano consecutivo, devido à seca, ao calor excessivo e, em algumas regiões, à queda de granizo.

O azeite irá tornar-se cada vez mais caro para as famílias, afetando o consumo e as exportações, uma vez que outros países produtores também enfrentam quebras na produção, estimadas entre 30% e 50%.

Portugal, historicamente excedentário na produção de azeite, agora vê o seu sector enfrentar uma crise que afetará negativamente os negócios internacionais, apesar das exportações já ultrapassarem os 900 milhões de euros por ano.