27 Março 2024      10:19

Está aqui

Alentejo aumenta venda de borregos na Páscoa

O mercado da venda de borregos mantém-se “estável” graças às exportações e à procura interna, principalmente na época da Páscoa, tendo o preço da comercialização dos animais aumentado em relação a 2023.

Em declarações à agência Lusa, a coordenadora do Agrupamento de Produtores Pecuários do Norte Alentejano – Natur-al-Carnes, Maria Vacas de Carvalho, explicou que o mercado está “mais estável” por causa das exportações, sublinhando ainda que os borregos, com uma média de 30 quilos de peso vivo, estão a ser comercializados “entre os 3,50 e os 3,55 euros o quilo”.

Para a responsável, que coordena este agrupamento com cerca de 400 acionistas, regista-se nesta época de Páscoa um aumento nos preços “na casa dos 20%”, em relação ao ano anterior.

Maria Vacas de Carvalho sublinhou ainda que os produtores estão a enfrentar um “ano excecionalmente bom” em termos de pastagens, situação que não se verificou em 2023 devido à seca.

O presidente da Associação dos Jovens Agricultores do Sul (AJASUL) e também produtor, Diogo Vasconcelos, indicou que na região de Évora os borregos estão a ser comercializados por valores idênticos ou até “ligeiramente superiores” aos mencionados pela representante da Natur-a-Carnes.

O responsável, que também destaca a importância das exportações de borregos, principalmente para Israel, indica ainda que nesta altura “há muito consumo interno” devido às tradições relacionadas com a Páscoa.

Diogo Vasconcelos sublinha ainda que nesta época os preços que estão a ser praticados são “muito competitivos”, sendo o ano “mais benéfico” para os produtores que não necessitam de suplementar os animais, como aconteceu em 2023, por causa da seca.

“Há pastagem, os animais não têm de ser suplementados o que é vantajoso, mas não dá para colmatar os prejuízos que tivemos por causa da seca [em 2023], leva tempo a recuperar”, disse.

No distrito de Beja, a procura por borregos “continua em alta” e os preços de comercialização também registaram “uma ligeira subida” face ao ano anterior, confirmou António Lopes, presidente do conselho de administração do agrupamento de produtores pecuários Carnes do Campo Branco, com sede em Castro Verde.

“Em animais com 25 a 30 quilos, o preço médio varia entre os 100 e os 120 euros”, revelou, afiançando que, além da exportação, sobretudo para Israel, as vendas de borregos para o mercado nacional também aumentaram.

Segundo António Lopes, “o ano passado houve uma importação muito grande de borregos, pois os preços estavam diferentes e as grandes superfícies optaram por comprar borrego importado”.

“Mas, este ano, optaram por borrego nacional e não importar quase nada. É capaz de ficar cá [em Portugal] mais de metade da produção de borregos”, acrescentou.

A seca registada nos últimos anos tem afetado as explorações agropecuárias da região, mas 2024 tem sido “excelente em pastagens, como há muito não se conhecia”, o que beneficia a produção, reconheceu António Lopes.

“É difícil colmatar a ‘ferida’ que ficou do ano passado, mas pelo menos este ano já é um alívio e já há outras perspetivas para o futuro”, concluiu.

No Campo Branco, região que abrange os concelhos alentejanos de Castro Verde e Almodôvar e parte dos de Aljustrel, Mértola e Ourique, são comercializados todos os anos, através do agrupamento de produtores pecuários, cerca de 15.000 ovinos.

 

Fotografia de dicasetricas.com