16 Junho 2016      12:52

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É A VONTADE, MAS NÃO É A VONTADINHA…

"A FERRUGEM DO SISTEMA"

Nos últimos dias a política lusa recordou-me aquele filme de Bob Rafelson, “O carteiro toca sempre duas vezes”, e a verdade é que em relação aos nossos primeiros ministro “toca” sempre mais do que aquilo de que gostaríamos.

António Costa, numa cerimónia, destacou as oportunidades que se ofereceriam para os professores, em particular os de língua portuguesa, no ensino da língua fora de Portugal (oportunidade obvia, segundo o meu ponto de vista) e que via com bons olhos que estes aproveitassem essa oportunidade (minha interpretação do que li e vi da intervenção). Ora, em nada (pelo menos no essencial) difere do que foi antes dito por Passos Coelho, numa entrevista, e que foi considerado o convite a emigração dos nossos jovens.

 Começo por dizer, que num país que tem 1/3 dos seus nacionais no estrangeiro (somos aproximadamente 5milhoes na diáspora), é óbvio que se criou uma oportunidade para quem tem a função de ensinar a língua a quem não está no território nacional. Saliento, e por ser para mim importante, que também considero que um país que não sabe, ou não tem como criar estas oportunidades dentro de portas, começa a comprometer o seu futuro.

Mas a minha questão é a forma e conteúdo como alguns políticos interpretaram as palavras do presidente do conselho de ministros… a ver:

- O representante dos professores, Mario Nogueira, nada ou pouco disse sobre as declarações de Costa, quando na altura de Passos Coelho só faltou dizer que o governo de então estava a “correr” com todos os jovens de Portugal.

- Catarina Martins e restantes representantes do BE, pouco disseram, mas obviamente acham diferentes as declarações, fundamentalmente porque fazem parte da chamada “Geringonça”.

- António Costa, na pele de primeiro-ministro, no seu tweeter oficial (de PM de Portugal), respondeu, e sito “A Estrada da beira e a beira da estrada não são a mesma coisa, pois não? Pois… Eu também não apelei à emigração!”

Começo por dizer que em relação aos líderes dos partidos que suportam o governo, em particular o BE, o PCP, os Verdes e o PAN, pouco me espanta na forma como trataram de forma diferente as declarações. No PS, muito por conta do medo instalado (fundando ou infundado) de represálias na formação das listas para as próximas autárquicas, também não me espanta não terem existido mais ecos (ainda existiram alguns, por parte de livres pensadores que não aderiram ao “Costismo”).

Já em relação ao sindicato dos professores, vem confirmar a sua subjugação aos interesses do “partido” e a cristalização de um sindicalista que já nada faz nas suas funções a não ser perpetuarem, na sua inação, já profissional.

O meu problema está exatamente com o tweet de António Costa, e que concordando ou não com ele, enquanto PM, concordando ou não com a sua orientação politica, não me parece ser digno de alguém que representa o estado Português.

Bem sei que vivemos num país mais a vontade, mais cool, mas bolas, um PM pode tweetar a vontade, mas não esta a vontadinha para responder a ataques políticos, de forma não politica, e que a mim me deixam ainda com menos boa vontade para com a figura institucional.

Imagem © FRANCISCO LEONG/AFP