Vila Viçosa quer atrair turistas brasileiros interessados em Florbela Espanca

A obra literária e o universo da poetisa Florbela Espanca em Vila Viçosa suscitam “muito interesse” no Brasil, afiançou o presidente desta câmara alentejana, que está a criar um circuito turístico centrado na escritora.

“O turismo literário tem uma importância grande para Vila Viçosa porque estamos a investir muito no itinerário Florbeliano, que passa pelas casas onde habitou e pelos locais que frequentou”, disse à agência Lusa o autarca daquele concelho do distrito de Évora, Inácio Esperança.

À margem da abertura da 1.ª edição do LiterÁREA - Festival de Turismo Literário do Alentejo e Ribatejo, que decorreu ontem em Vila Viçosa, o presidente do município disse que “há muito interesse no Brasil” pelo universo de Florbela Espanca (1894-1930), natural desta vila alentejana.

Trata-se de “um turismo intelectual, ao nível das universidades do Brasil, onde há um grande interesse em estudar Florbela e vir a Vila Viçosa”, garantiu.

“Há muitos turistas brasileiros, estudiosos de Florbela, que querem vir cá”, estando atualmente “a decorrer em universidades brasileiras cerca de duas centenas de teses, entre mestrados e doutoramentos, sobre Florbela ou estudos Florbelianos”.

E “é este turismo, mais intelectual, não só do Brasil, mas de algumas universidades europeias, que a câmara quer cativar e captar” para Vila Viçosa, argumentou Inácio Esperança.

O município está, pois, a implementar um circuito turístico e literário sobre a vida e obra da escritora, que envolve “cerca de um milhão de euros de investimento”, dos quais 300 mil garantidos pelo Turismo de Portugal e os outros 700 mil pela autarquia.

“Esperamos que, em setembro ou outubro de 2025, o circuito possa estar pronto, ou pelo menos 90% pronto”, previu o autarca, referindo que o roteiro vai passar, por exemplo, “por casas onde viveu, pela escola primária, a farmácia onde ia, o largo onde passava”, entre outros locais.

“Infelizmente, só estão ainda em pé duas casas de Florbela, porque uma foi demolida pelo Estado Novo, a casa onde nasceu, mas temos aquela onde viveu nos primeiros anos e também onde, já adulta, morou e onde vivia o seu pai”, relatou.

O “puzzle” do universo de Florbela Espanca está “a ser montado” no âmbito deste projeto, realçou Inácio Esperança, que disse que ainda há “peças” a serem ultimadas, como a criação da casa-museu da poetisa e uma escultura da escritora feita em mármore local, com quatro metros de altura, do escultor Francisco Simões.

A estátua “já está cá, mas ainda não está no local escolhido, o jardim de Florbela, o Jardim dos Lagos, e é preciso fazer obras para a receber”, assinalou, apontando que o museu, na casa da família Espanca, “vai ter uma componente de residência literária e artística”, para atrair os turistas.

Em janeiro deste ano, o vice-presidente do município, Tiago Passão Salgueiro, revelou à Lusa que o circuito literário e turístico para dar a conhecer a vida e a obra de Florbela Espanca vai incluir 14 locais de memória da escritora na sua terra natal.

A autora do “Livro de Mágoas”, “Livro de Soror Saudade”, “Charneca em Flor” ou “Juvenília” é considerada uma das mais brilhantes poetisas de língua portuguesa.

A poetisa nasceu em Vila Viçosa, em 08 de dezembro de 1894, e morreu em Matosinhos, no distrito do Porto, de 07 para 08 de dezembro de 1930, com 36 anos. Florbela Espanca foi sepultada naquela localidade, mas os seus restos mortais foram depois trasladados para o cemitério de Vila Viçosa.