25 Março 2022      12:36

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Viana do Alentejo já tem Carta Arqueológica

O município de Viana do Alentejo viu aprovado o relatório final da Carta Arqueológica e Patrimonial do Concelho, devido à “importância do património concelhio e à necessidade da sua salvaguarda”, anuncia a autarquia.

Em comunicado, a Câmara Municipal de Viana do Alentejo refere que “o conhecimento e a valorização do património arqueológico é de elevada relevância, constituindo a Carta Arqueológica um instrumento de referência que permite salvaguardar, estudar, valorizar e proteger um dos traços identitários da memória do Concelho de Viana do Alentejo”.

Lembre-se que a Carta Arqueológica do concelho foi promovida no âmbito de uma candidatura ao subprograma 3 do PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural, através da associação Terras Dentro.

De acordo com o município, o trabalho de investigação foi realizado pelo arqueólogo Ulrico Galamba, diretor científico do projeto, e pelo também arqueólogo e historiador Francisco Baião, que assegurou que, apesar do território ser dotado de “abundantes recursos naturais propícios à fixação de grupos humanos desde tempos recuados”, não era conhecida a sua real dimensão, dada a “quase total ausência de estudos”.

Este arqueólogo esclarece ainda que constavam apenas 22 sítios com potencial arqueológico nos dados disponíveis na base de dados patrimonial Endovélico, da responsabilidade da Direção Regional de Cultura do Alentejo.

É ainda revelado que, durante os trabalhos de prospeção para a realização da carta, a equipa de arqueólogos efetuou “120 saídas de campo e perto de 1500 quilómetros”, num total de “464 registos” distribuídos pelas três freguesias e pelos diferentes tempos históricos, nomeadamente pré e proto-história, período romano, idade média (islâmica e cristã), idade moderna e idade contemporânea.

Segundo Francisco Baião, além de ser “uma visão panorâmica sobre a ocupação humana de um território” o documento deve também ser tido “em linha de conta aquando de qualquer revisão ou alteração do Plano Diretor Municipal”.

O mesmo responsável adianta também que uma das surpresas que surgiu com este trabalho foi a identificação de um fragmento de menir na Herdade do Pocinho, “um testemunho da chamada cultura megalítica” que agora se encontra exposto no Núcleo Museológico de Viana do Alentejo, graças à autorização do dono da herdade.

Francisco Baião salienta ainda as maiores dificuldades do trabalho, que passaram pela “identificação dos proprietários dos muitos prédios urbanos” espalhados pelos quatrocentos quilómetros quadrados de área do concelho de Viana, bem como a “autorização para o acesso aos mesmos”.

O município destaca que a Carta Arqueológica esteve na base de uma exposição temporária que se encontra patente no Núcleo Museológico, situado na Praça da República.