22 Outubro 2020      10:07

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Universidade de Évora recebe prémio com estudo sobre recuperação clínica

A Universidade de Évora divulgou um estudo sobre a recuperação clínica e qual a melhor forma de evitar problemas cardiovasculares e outros nos doentes em recuperação, merecendo uma menção honrosa por parte do Comité Olímpico de Portugal nos Prémios Ciências e Desporto.

Os autores do estudo concluíram que as práticas de exercícios intermitentes de alta intensidade apresentam benefícios superiores ao exercício continuo executado em intensidades moderadas, o que significa que os doentes em recuperação são mais ativos e correm menos riscos cardiovasculares, ao invés adotarem práticas sedentárias.

José Parraça, Professor da Universidade de Évora e coautor do estudo “Reabilitação Cardíaca: O Impacto do Treino Intervalado de Alta Intensidade Vs Treino Contínuo Moderado na Fase III”, referiu que “um dos problemas mais proeminentes da sociedade portuguesa e da região alentejana em particular são as doenças cardiovasculares”.

O estudo, que avaliou o efeito de diferentes programas de Reabilitação Clínica (RC) baseados no exercício físico nas componentes de risco cardiovascular, é da autoria de Catarina Gonçalves, Armando Raimundo, Jorge Bravo, José Parraça (Universidade de Évora), e de Ana Abreu (Hospital do Espírito Santo de Évora).

Os investigadores avaliaram “o controlo do perfil lipídico, controlo do perfil glicémico, controlo da pressão arterial, cessação do consumo de tabaco, qualidade de vida relacionada à saúde, ansiedade/depressão, aptidão cardiovascular, composição corporal, força muscular e a redução do comportamento sedentário em pacientes referenciados para a fase III (fase de alta hospitalar e controlo domiciliário) da RC”.

Depois, compararam estes resultados com um grupo de controlo que realizou as recomendações médicas habituais, que consistem “na prática desportiva e hábitos de vida saudáveis, mas sem monitorização ou controlo”.

Os resultados concluíram que a prática de exercícios intermitentes de alta intensidade apresenta benefícios superiores ao exercício continuo executado em intensidades moderadas “no que diz respeito a ganhos no pico de VO2, seja na melhoria da composição corporal, no controlo do perfil glicémico, no controlo do perfil lipídico e na força muscular em pessoas cardíacas”.

José Parraça explica que a RC baseada no exercício “está associada a melhorias significativas nas doenças cardiovasculares em pacientes após evento ou cirurgia cardíaca, quando comparada com os pacientes sujeitos apenas ao tratamento convencional, e que ambos os programas mostraram ter efeitos benéficos em 6 semanas de treino, e que este mostra-se seguro para estes pacientes”.

Entre os benefícios destaca-se “uma melhoria no nível de atividade física com maior tempo de prática de exercício físico e, consequentemente, diminuição do sedentarismo”. Com a melhoria no nível de atividade física, “há́ um melhor desempenho ao exercício, o que leva as pessoas a voltarem a fazer normalmente as suas rotinas na vida quotidiana sem receios” e isso traduz-se na “melhoria do consumo de oxigénio, composição corporal e na força muscular”.

O investigador conclui ainda que a Reabilitação Clínica baseada no exercício “é um serviço importante na qualidade de vida dos doentes cardíacos”, e tendo em conta que existe uma baixa difusão no território nacional da RC (observando‐se uma distribuição muito assimétrica com ausência total de centros públicos no Alentejo, Ribatejo, Beiras, Minho, Trás-os-Montes e territórios insulares), “é urgente implementar e criar estratégias para que os programas de RC possam chegar a um maior número possível de pessoas cardíacas, e assim ter uma rede de centros públicos de RC com distribuição mais equilibrada no nosso país”.