11 Novembro 2020      12:41

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Universidade de Évora quer desvendar mistério das pinturas da Igreja do Espírito Santo

A Universidade de Évora (UÉ), através do Laboratório HERCULES e do Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades (CIDEHUS), vai iniciar um estudo multidisciplinar que visa desvendar o mistério das pinturas recém-descobertas na igreja do Espírito Santo em Évora.

De acordo com a UÉ, tratam-se de “seis pinturas murais descobertas no mês passado pela empresa que se encontra a reabilitar este monumento religioso unido ao edifício principal da Universidade de Évora”. Estas pinturas murais, que se encontravam ocultas pelas pinturas em tela nas tribunas da nave da igreja, foram descobertas quando as pinturas em tela foram retiradas para restauro em atelier.

Milene Gil, investigadora do Laboratório HERCULES que lidera a campanha científica, realça que, “dos oitos murais originalmente presentes, só restam seis, ainda que só um subsista na íntegra. Apesar do estado fragmentário dos restantes cinco, é notória a qualidade plástica que os une na técnica e na materialidade”.

Ainda de acordo com a universidade, o objetivo desta campanha científica “é proceder a um diagnóstico rigoroso através da identificação dos materiais empregues e do seu atual estado de conservação”. A identificação técnica pictórica é um dos elementos realçados pela investigadora, porque de acordo com as pesquisas de arquivo levadas a cabo por Antónia Fialho Conde, Professora do Departamento de História da UÉ e investigadora do CIDEHUS, “as pinturas não foram executadas na técnica do fresco”, mas sim “a seco com óleo como aglutinante”.

Segundo a historiadora, “o relato do P. Manuel Fialho (1616-1718) na obra manuscrita Évora Ilustrada sobre os painéis é bastante elucidativa a respeito”. O autor “não só identifica a técnica de pintura como sendo a óleo sobre a cal da parede, como exalta os resultados alcançados e a defende de quem, já na época, a queria destruir para a colocação de telas”.

Ambas as investigadoras da UÉ garantem que o caminho à investigação “fica aberto”. Por um lado, há que provar “tecnicamente, no local e em laboratório, a descrição do P. Manuel Fialho: a existência de pintura a óleo sobre cal, deixando mais fluidas as fronteiras entre a pintura mural e a pintura de cavalete”. Por outro lado, o objetivo de “procurar desvendar tanto a iconografia representada, e a sua relação não só com o espaço da igreja como de todo o Colégio, como a autoria dos painéis, tendo como referência a data de 1630 apontada pelo autor para a sua realização”.