O projeto “Avondato XXI”, da Universidade de Évora, vai levar 10 concertos comentados a várias cidades do país para divulgar a música para teclado do compositor português Pedro António Avondano através da primeira edição crítica integral das suas sonatas.
Em comunicado, a UÉ explica que os primeiros concertos vão acontecer no dia 17 de janeiro, em Póvoa de Varzim, e no dia 22 de janeiro no Porto.
O projeto é coordenado por Mafalda Nejmeddine, investigadora do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM) da Universidade de Évora, e procura “a valorização da investigação, através a vertente interpretativa”.
As obras serão interpretadas “a partir da partitura da edição crítica e, pela primeira vez, posta em prática com este projeto”, e os comentários proferidos nos concertos “serão elucidativos das práticas musicológicas utilizadas na elaboração de uma edição crítica”, incluindo “imagens que reportarão práticas e técnicas de composição utilizadas no séc. XVIII”.
Mafalda Nejmeddine, doutorada em Música e Musicologia/Interpretação pela Universidade de Évora, espera ainda através deste projeto a “valorização da experimentação artística, contruindo-se a interpretação à medida em que as obras vão sendo interpretadas nos concertos e a valorização da componente educativa”.
A investigadora lembra ainda que Pedro António Avondano foi um compositor e violinista português de origem italiana que viveu quase toda a sua vida em Lisboa, tendo sido, desde 1758, violinista da Orquestra da Real Câmara.
Além disso, desenvolveu atividades empresariais na área da cultura, entre as quais se destaca a Casa da Assembleia, um espaço onde organizou bailes e concertos para a comunidade estrangeira residente em Lisboa.
“Avondano compôs várias obras para instrumentos de tecla, das quais subsistem nove sonatas. Foi um dos poucos compositores da sua época que publicou obras no estrangeiro, numa altura em que se retomava a impressão de obras musicais em Portugal”, explica a investigadora.
Em Portugal, a sua reputação como compositor foi reconhecida pela execução pública da sua ópera "Il Mondo della Luna", em 1765, no Teatro Real de Salvaterra, “obra que hoje subsiste em exemplar único na Biblioteca da Ajuda”, refere Mafalda Nejmeddine.
A sua obra para tecla foi igualmente apreciada e circulou em cópias manuscritas, inclusive com o nome de compositores de grande renome tais como António Leal Moreira (mestre de música do Real Seminário de Música da Patriarcal e primeiro diretor musical do Teatro de S. Carlos) e David Perez (compositor de D. José I e mestre de música da família real)”, acrescenta a investigadora.
Além da Póvoa de Varzim e do Porto, estão previstos concertos em Vila Real (07 de fevereiro), Leiria (21 de março), Lisboa (01 de abril e 09 de maio), Coimbra (11 de abril), Évora (20 de maio), Aveiro (13 de junho) e Mafra (em data a definir).
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