19 Dezembro 2022      11:17

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Universidade de Évora lamenta morte de Nélida Piñon

Nélida Piñon, escritora

A Universidade de Évora (UÉ) lamentou ontem, 18 de dezembro, a morte da escritora Nélida Piñon, que descreveu como “uma das mais reconhecidas vozes da literatura brasileira contemporânea” e que distinguiu, em 2019, com o Prémio Vergílio Ferreira.

Numa nota de pesar, citada pela agência Lusa, Hermínia Vasconcelos Vilar, reitora da UÉ, destacou que “foi com profunda consternação” que a Universidade recebeu a notícia do falecimento da escritora brasileira, considerada “uma das mais reconhecidas vozes da literatura brasileira contemporânea” e “uma personalidade inolvidável, de imensurável amabilidade, delicadeza e perseverança”.

A reitora revelou ainda que foram partilhados “momentos únicos” com Nélida Piñon, na altura da entrega do Prémio Vergílio Ferreira, atribuído à escritora “pela latitude e profundidade da sua obra, que revela uma linguagem capaz de estabelecer e harmonizar um diálogo fértil entre a memória feminina e a História”.

A Academia Brasileira de Letras, que descreveu Nélida Piñon como “uma das maiores representantes da literatura brasileira”, informou que a escritora faleceu no passado sábado, em Lisboa, aos 85 anos de idade.

Nélida Piñon escreveu mais de 20 livros, de novelas, contos, literatura infanto-juvenil, ensaios e memórias, e, em 1996/97, foi a primeira mulher, em 100 anos, a presidir à Academia Brasileira de Letras, tendo sido eleita em 1989 para suceder a Aurélio Buarque de Holanda.

A obra “Guia-mapa Gabriel Arcanjo”, publicada em 1961, foi o romance de estreia de Nélida Piñon, que foi distinguida com o Prémio Internacional Juan Rulfo de Literatura Latino-Americana e do Caribe, em 1995, o que sucedeu pela primeira vez para uma mulher e para um autor de língua portuguesa. A escritora venceu também, em 1991, o prémio Bienal Nestlé, na categoria de romance, pelo conjunto da obra, e em 1985, o prémio da APCA e o Prémio Ficção Pen Clube, os dois pela obra “A república dos sonhos”, romance destacado pela Academia Brasileira de Letras, que conta a história de uma família de imigrantes da Galiza no Brasil.

A Academia Brasileira de Letras fez também referência ao livro “A casa da paixão”, de 1972, notando que este foi “um dos seus melhores e mais conhecidos romances”, com o qual recebeu o Prémio Mário de Andrade.

O último livro da escritora, “Um Dia Chegarei a Sagres”, lançado em 2020, recebeu o Pen Clube de Literatura.

Nélida Piñon estudou Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, tendo concluído os estudos em 1956, foi colaboradora de jornais e revistas literárias, correspondente no Brasil da revista Mundo Nuevo, de Paris, e editora assistente de Cadernos Brasileiros.

Dado que os seus pais e os seus avós eram da Galiza e emigraram para o Brasil, a escritora tinha também uma forte ligação com Espanha, tendo-lhe, inclusivamente, sido atribuída, no início deste ano, a nacionalidade espanhola.

No ano de 2005, foi-lhe atribuído o prémio Príncipe das Astúrias.

A escritora Nélida Piñon faleceu num hospital de Lisboa, de acordo com a Academia Brasileira de Letras.

O corpo de Nélida Piñon vai ser trasladado para o Rio de Janeiro, no Brasil, para ser velado no principal salão da academia, o “Petit Trianon”, que a escritora considerava como uma segunda casa.

 

Fotografia de jn.pt