2 Setembro 2020      09:38

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Universidade de Évora descobre nova planta em Vila Nova de Milfontes

A Universidade de Évora anunciou a descoberta de uma nova planta endémica, “rara e fortemente ameaçada”, que cresce em charcos temporários e está “restringida a nível mundial a pequenas áreas da Costa Vicentina”, revela a agência Lusa.

A planta, denominada Helosciadium milfontinum, foi descoberta no âmbito de um estudo conjunto entre a Universidade de Évora (UÉ) e botânicos da Universidade de Oviedo, em Espanha.

De acordo com o comunicado enviado pela UÉ, os investigadores demonstraram “claramente que esta nova espécie difere” de outra “previamente identificada”, a Apium repens, “cuja área de distribuição é mais abrangente no território europeu”.

A equipa mostrou, através do estudo das características morfológicas e genéticas, que esta planta se trata “de uma espécie distinta” da que já se encontrava classificada, e que se encontra “restringida mundialmente a pequenas áreas da Costa Vicentina”.

Carla Pinto Cruz, investigadora do MED - Instituto Mediterrâneo para Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento da UÉ, refere que o conjunto de flores “faz lembrar um pequeno guarda-chuva, semelhante às flores do agrião, que floresce entre julho e agosto e frutifica no início de setembro”. Adicionalmente, a nova planta apresenta caules rastejantes, “que enraízam em nós, e as folhas são lobadas e têm as margens dentadas”, acrescentou.

A investigadora realça ainda que foi “através da identificação de pequenas sequências de DNA, próprias de cada espécie”, que foi “possível a descoberta da Helosciadium milfontinum”.

Segundo a academia alentejana, “cada espécie de planta é designada por uma combinação exclusiva de duas palavras em latim”, referindo-se a primeira ao género e a outra ao epíteto específico. O mesmo acontece com esta descoberta, em que milfontinum é alusivo à área de ocorrência da planta, ou seja, Vila Nova de Milfontes, no concelho de Odemira, no distrito de Beja.

Para Carla Pinto Cruz, a “identificação precisa de cada espécie é essencial, mas também para melhor podermos planear adequadamente os esforços de conservação”. A investigadora e professora do Departamento de Biologia da UÉ sublinhou também que, “ao percebermos que esta pequena planta está mais isolada geneticamente do que pensávamos, passamos a estar mais conscientes do seu verdadeiro estatuto, da sua importância e do elevado grau de ameaça”.

Esta planta já foi alvo de alguns esforços de conservação, mas “só tendo um bom conhecimento das espécies, como viemos demonstrar neste estudo”, é que “podemos perspetivar e priorizar adequadamente os esforços de conservação”, defendeu.