30 Março 2022      15:23

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Universidade de Évora apoia Paul da Gouxa como reserva natural

A Universidade de Évora (UÉ) encontra-se a apoiar a criação e classificação do Paul da Gouxa como reserva natural, onde se irá criar um Laboratório Aberto que envolve o município de Alpiarça, a Quinta da Atela e diversos atores regionais, entre eles organizações não governamentais, agricultores e decisores políticos.

Em comunicado, a academia alentejana refere esta iniciativa se insere no âmbito do projeto Horizonte Europa, recentemente aprovado pela Comissão Europeia e que pretende “criar sete Laboratórios Abertos (Open Labs) em diversos países europeus com o objetivo de promover as zonas húmidas terrestres, as turfeiras e as planícies aluviais como sumidouros de Carbono e Gases com Efeito de Estufa”.

O Paul da Gouxa, segundo a UÉ, é uma zona onde “se encontra uma importantíssima turfeira baixa no contexto europeu com uma extensão considerável”. Assim, a ideia passa por “estudar o papel das turfeiras como sumidouros de Carbono e promover  a sua conservação, restauro, e gestão sustentável de modo a que se possam desenvolver estratégias a nível europeu para promover a minimização das emissões de gases com efeitos de estufa e simultaneamente promover a sua captura/retenção por parte destas infraestruturas verdes” explica Ana Isabel Mendes, investigadora do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED) da Universidade de Évora, e coordenadora do projeto “REWET – REstoration of WETlands to minimise emissions and maximise carbon uptake: a strategy for long term climate mitigation”.

João Eduardo Rabaça, professor do Departamento de Biologia e investigador do MED e Sérgio Prats Alegre, doutorado em Ciências do Mar e do Ambiente a investigar no MED, juntam-se a esta equipa.

De acordo com os investigadores, a importância deste Paul ultrapassa a fronteira portuguesa, “sendo mesmo considerado um exemplo único e bastante raro no contexto europeu, dado tratar-se de uma turfeira de baixa altitude onde a turfa chega a atingir uma profundidade de cerca de 9 metros que se estende por uma área de cerca de 90 hectares (com diferentes Iso espessuras), o que corresponde a acumulação de Carbono durante cerca de 9000 anos”.

A investigadora destaca ainda que “esta tipologia de habitat não foi dada para Portugal, sendo necessário desencadear os mecanismos para que esta categoria seja considerada no plano sectorial da rede Natura 2000 de Portugal, algo que o REWET irá contribuir”.

Ana Isabel Mendes refere ainda que “a Universidade de Évora tem dado suporte à submissão da candidatura a Reserva Natural e no decorrer deste projeto é expectável que se inicie o desenvolvimento do plano de ordenamento da reserva e se desenvolvam uma série de ações de restauro de habitat, capacitação e educação ambiental”.

Paralelamente irão também estudar-se “alternativas ao uso do solo em talhões delimitados, de modo a que se tenha uma ideia clara das mais-valias em cada um dos seguintes contextos: produção de arroz, produção de caniço, utilização como reserva natural. Irão avaliar-se os diversos serviços de ecossistemas em cada um destes contextos”, conclui a investigadora da UÉ.

O REWET, liderado pela empresa IDENER, conta com o envolvimento de 19 parceiros europeus, oriundos de Espanha, França, Holanda, Áustria, Finlândia, Estónia, Bélgica, Itália, Dinamarca e Portugal, e de entre os quais se destacam a Wetlands International, a UNESCO ou o Stichting Wageningen Research.

Dos mais de seis milhões e meio de euros financiados pelo Horizonte Europa, 305 875 euros são destinados ao financiamento da equipa da Universidade de Évora.

 

Fotografia de alpiarcense.com