5 Julho 2020      11:42

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Uma tonelada de Cal põe Sousel brilhar

Disse Manuel Alegre que “Na brancura da cal o traço azul, Alentejo é a última utopia”.

A palavra é de origem latina; Cal teve origem em ‘calce'/'calces' e tudo leva a crer que deriva da época pré-celta, e que teria o significado “rochedo' ou “abrigo”

A Cal é um composto químico identificável como óxido de cálcio e é uma das marcas do Alentejo.

Logo que chega o calor, é usual ver – sobretudo os mais idosos – agarrem no balde e nas trinchas e começar a “caiar”.

Este processo das “caianças” é uma das marcas mãos distintivas do Alentejo onde, após as caianças, tudo volta a ser de um branco reluzente, tudo renasce, ano após ano, em cumprimento de uma tradição funcional e ancestral.

A cal possui propriedades únicas: protege do calor, da humidade e é antibacteriana e antifúngica. Propriedades que nem todas as tintas dos tempos modernos possuem. Por muito modestas que fossem as posses familiares, a caiança era, logo após os bens de primeira necessidade, a prioridade.

A cal era vendida em carroças, puxadas por burros, que passavam na rua, pelos caleiros ou “homem da cal”, e que gritavam "Cal bran…ca! Cal bran…ca!". Era vendida a peso numa balança de pratos daquelas que persistem ainda na memória de todos nós. Depois, ele e o burro seguiam caminho.

No concelho alentejano de Sousel, a tradição mantém-se e a autarquia e Sousel entregou, esta semana, nas quatro juntas de freguesia do concelho, cerca de uma tonelada de Cal, no âmbito do programa “Caiando a Nossa Terra”.

A vereadora Sílvia Eliseu, acompanhou a entrega e revelou que cerca de “duas centenas de pessoas aderiram a este programa” e que já podem, assim, dar continuidade à tradição.

Este programa vai já na sua quarta edição do programa “Caiando a Nossa Terra” e contempla a oferta de 5 quilogramas de Cal por parte da autarquia, a cada participante.

 

Imagem de nossoalgarve.blogspot.com