Um espirro

Assim se começam as grandes histórias deste mundo. Com um espirro! Um dia calmo, uma situação totalmente inesperada, e alguma das personagens espirra.

O espirro é o ponto de viragem em qualquer história. Não que se vá contar alguma inaudita hoje neste pequeno trecho de inspiração. Somos apenas um entre muitos cronistas que partilham as suas visões, a sua opinião, em todos os países, ou quase todos, vá… há alguns onde as opiniões individuais e distantes das dos regimes que governam esses respetivos países, não são lá muito bem aceites. Há até quem não consiga respirar, muito menos espirrar, depois de as escrever.

Há, porém, países, e assim espero que continue por muitos anos, com a evolução positiva da participação pública e mediante aquilo que chamo liberdade de escrever, pensar e espirrar.

Todas as boas histórias e boas opiniões começam com um espirro. Por isso, sem qualquer evidência científica, é na Primavera que começam os romances a ser escritos e é nessa mesma altura que a imaginação, opinião crítica e liberdade de expressão é mais prolifera.

Penso que é derivado ao pólen e às abelhas. Esse mesmo bálsamo influencia de tal forma todos os pensadores que os leva a criar. É o pólen que causa os espirros, mas também é o mesmo pólen que nos adoça os dias através do mel que as abelhas tanto trabalho têm em produzir. As abelhas são produtoras naturais de doce, como os escritores e cronistas são produtores naturais de ideias e opiniões. As abelhas vivem menos do que os escritores e, que eu saiba, não espirram.

Há países e regiões deste planeta, muitas delas com fronteiras criadas de forma política, onde embora possam haver abelhas e mel, não ha primavera nem pólen, causando desde logo que não haja espirros e, portanto, não há inspiração.

As histórias contadas nesses lugares são contos de fadas, uns duram muitos anos e a contar os mesmos contos… tantas vezes a Carochinha, tantas vezes os três Porquinhos, tantas vezes o Polegarzinho. Nunca se ouviu a história do espirro que deu origem a tal e tal…

Nunca se ouvirá contar essa história porque nunca aconteceu. Acredito que, ao começar a escrever uma vida alternativa, num papel a tinta da China, o dito espirro aconteceu uma só vez e borrou todo o papel, acabando com a inspiração.