12 Novembro 2024      11:30

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Surto de língua azul agrava prejuízos que ultrapassam 6M€

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) denuncia o “elevadíssimo número de animais mortos” na sequência do surto de língua azul que, neste momento, já atingiu todos os distritos de Portugal continental, tendo já impactado o setor com prejuízos que ascendem a 6 milhões de euros.

Em comunicado, a CAP refere que o Sistema de Recolha de Cadáveres de Animais Mortos na Exploração (SIRCA), coordenado pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária do Ministério da Agricultura, “não está dimensionado para uma situação catastrófica como a atual”, que já soma, até ao dia de hoje, cerca de 40 mil animais mortos de norte a sul do país.

“Muitos dos animais mortos por este surto de Língua Azul, uma doença transmitida por picada de mosquito com elevada taxa de mortalidade em ovinos, mas que não se transmite a humanos, nem se transmite entre animais, terão de ser enterrados nos terrenos dos seus proprietários por incapacidade operacional do SIRCA”, acrescenta a mesma fonte.

Segundo a confederação, “esta é uma situação excecional”, e todas as associações de produtores estão “conscientes das precauções que terão de assegurar em termos de biossegurança no enterramento dos animais”.

Neste sentido, a CAP afirma que “é imprescindível que o Governo decrete de imediato a vacinação obrigatória contra serotipo 3 da doença da Língua Azul para ovinos e bovinos, para tanto incluindo-a no Programa de Sanidade Animal (PSA) e disponibilizando-a sem encargos para os produtores”.

Além disso, a confederação recomenda que o Governo possa “coordenar e executar ações estratégicas de desinsetização por forma a eliminar o maior número possível de mosquitos transmissores deste vírus”.

Há também que “rever o encabeçamento mínimo para validar as medidas dos ecorregimes e medidas agroambientais para assegurar a continuidade das explorações e a sua sustentabilidade económica”, ao mesmo tempo que se torna “imperativo instituir um regime de exceção quanto ao cumprimento do intervalo entre partos, previsto em algumas das medidas de apoio do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC)”.

A CAP prevê que, enquanto certas condições climatéricas não se verificarem, e enquanto as vacinas não forem administradas a animais saudáveis, a situação pode agravar-se “substancialmente”.

Assim, a CAP apela aos agricultores para que “declarem os casos de doença, para que a real dimensão do surto seja verificada estatisticamente, de forma que os mecanismos de apoio existentes possam ser devidamente acionados”.

 

Fotografia de pinterest.com.au