15 Agosto 2022      18:26

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Suinicultores recorrem a medidas de sustentabilidade ambiental e social

A Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS) considera que a situação de seca que se vive e a subida dos preços dos fatores de produção podem ser vistos como uma oportunidade para investir na utilização eficiente da água e na gestão de efluentes.

A FPAS encontra-se a desenvolver o projeto “Roteiro para a sustentabilidade ambiental e social da suinicultura” em parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, a Universidade de Évora e o Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa. O objetivo passa por identificar lacunas neste setor e criar um documento que sirva de orientação para os próximos 10 anos.

David Neves, presidente da FPAS, explicou, em declarações à Lusa, que o projeto se concentra na valorização dos efluentes suinícolas, que devem passar a ser vistos como um recurso e não como um resíduo, na utilização eficiente de água, na alimentação animal, nas emissões atmosféricas e, por fim, na eficiência energética nas explorações, apresentando medidas que permitam reduzir a fatura energética das explorações e, consequentemente, do país.

Estas declarações do presidente da FPAS à Agência Lusa aconteceram durante uma visita a uma exploração suinícola de Salvaterra de Magos (distrito de Santarém), onde já foram implementadas medidas para melhorar a eficiência hídrica.

David Neves adiantou ainda que o impacto ambiental do setor “é sempre relativo”, destacando que a carne de porco é das mais consumidas no país e afirmando que associar a produção pecuária a questões ambientais é “inverter um pouco aquilo que é a realidade do processo”, pode ainda ler-se na Lusa. O produtor suinícola não nega a consequência ambiental da produção da carne de porco, mas afirma que sendo esta consequência ambiental “devidamente trabalhada, devidamente mitigada, nós podemos converter aquilo que tem sido um problema numa grande oportunidade”.  

A Agência Portuguesa do Ambiente divulgou em 2020 o Inventário Nacional de Emissões, onde revelou que o impacto da suinicultura nas emissões de gases com efeito de estufa é de 0,34% no total do país e de 5,25% no setor da pecuária. 

Para além disso, a situação de seca que se vive atualmente e a subida dos preços dos cereais também já estão a levar a produção extensiva a enfrentar dificuldades. No entanto, David Neves considera que também esta situação pode ser vista como uma oportunidade para o setor, através da implementação das medidas de sustentabilidade ambiental e social da suinicultura.

O presidente da FPAS considera ainda “inevitável” o aumento do preço da carne de porco, acrescentando que o aumento dos preços dos fatores de produção teve início em maio do ano passado e tem sido agravado pela guerra na Ucrânia.

David Neves explicou ainda que para este aumento dos preços dos fatores de produção também contribuem a grande procura do mercado chinês no que respeita aos cereais, a quebra do valor pago aos produtores desde julho de 2021 e a redução do consumo devido à pandemia de covid-19.

O setor de produção de porcos é constituído atualmente por cerca de 4 000 explorações de maior dimensão, existindo ainda várias dezenas de milhares de explorações de menores dimensões, algumas delas de caráter familiar. Quanto à produção, David Neves indica que 70% se destina ao autoaprovisionamento em Portugal, sendo o restante exportado.

 

Fotografia de tsf.pt