21 Dezembro 2021      11:56

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Solstício, Yule, saturninas e Natal

Solstício é a palavra que surge do latim soll + sistere, que significa “sol não se mexe”.

Astronomicamente, classifica o momento em que o sol incide com maior intensidade num dos hemisférios da Terra, é o ponto em que o sol atinge a sua declinação máxima ou mínima (verão ou inverno) em relação ao Pólo Norte. Este fenómeno acontece devido aos movimentos de rotação e translação da Terra.

Acontece duas vezes por ano e, enquanto no hemisfério norte, hoje acontece o solstício de Inverno quando forem às 15:58h em Portugal Continental.

O solstício marca o momento de passagem para o inverno e caracteriza-se por ser a noite mais longa do ano. No hemisfério sul acontece o de verão, pondo fim à primavera, e sendo o dia mais longo do ano.

O mês de dezembro é, por norma e desde tempos ancestrais, um mês de celebração e significado especial para os humanos.

O dia de hoje é pleno de significados espirituais e esotéricos, tendo uma importância extremamente grande em várias culturas. Para os pagãos era dia de ritual de adoração aos deuses e mereciam ser celebrados com monumentos como se pode comprovar por estruturas como Stonehenge, onde se costumam juntar dezenas de milhar de pessoas numa celebração que se crê seja de origem celta

Muitas pessoas acreditam que a data de hoje possui uma poderosa energia de regeneração, renovação e é um momento pródigo para a autorreflexão e é dia sagrado para muitas divindades como Mitra, Dionísio, Hórus e, na fé cristã, Jesus (apesar da data convencionada ser agora 25 de dezembro).

O solstício de inverno representa a vitória da Luz sobre a Escuridão, o “nascimento do Sol” (Sol Invictus), a marca de novo ciclo do Sol e que, de hoje em diante, vai crescer sempre até ao próximo solstício, deixando para trás a noite mais longa do ano, a confirmar o que disse Shakeapeare “Não há noite tão longa que não chegue ao dia.” -quer literal, quer metaforicamente.

Civilizações antigas consideravam o Sol como sendo o filho da Luz, o Deus em vida e os egípcios festejavam o solstício com rituais de magia que envolviam o cultivo de sementes.

Na antiga Mesopotâmia, era celebrado o “Zagmuk”, uma festa pagã em que um homem era escolhido para ser sacrificado de modo a acalmar os monstros que despertavam no final do ano.

Na era arsácida, por volta do século III a.C., celebrava-se a “Yalda”, na noite mais escura e mais longa do ano, a do solstício de inverno, junto a ciprestes que eram decorados e iluminados e à volta dos quais eram deixados presentes.

A palavra “Yalda” é síria e provem da língua persa, sendo o seu significado o de nascimento, neste caso de Mitra, a quem se prestava o culto solar, e que se terá propagado por toda a Ásia Menor, Médio Oriente e norte de África.

No Irão, ainda hoje se celebra a noite de Yalda a 21 de dezembro e é uma noite em que as famílias e/ou grupos de amigos se reúnem e festejam comendo nozes, melancia e romãs, frutas que ainda restam do último verão, ficando acordados até tarde para enfrentar as forças do mal na noite mais longa do ano.

No norte da Europa, o Yule é uma celebração pré-Cristã. Na época, muitos costumes foram absorvidos pela Igreja Católica para substituir o paganismo e essa cerimônia em questão acabou por se tornar a celebração do Natal como nós a conhecemos hoje.

Yule é o dia em que a Criança do Sol renasce, a data que assinala o retorno de toda uma nova vida através do amor dos Deuses. Segundo a Tradição Nórdica, o Yule, ou Jull, era mesmo considerado o Ano Novo, a luz no mundo das trevas.

Havia festivais que se comemoravam quase do mesmo modo do Natal atual, com casa enfeitadas com ramos verdes, comida, árvores enfeitadas etc. numa homenagem à natureza e com oferendas aos deuses. Sendo o fogo o elemento central, símbolo da luz e de vida, faziam-se também fogueiras comunitárias, tudo para iluminar a noite mais escura do ano.

O nascimento de Jesus, por ter sido no mês de dezembro está associado com ao solstício de inverno do hemisfério norte e a tradição das árvores de natal e das guirlandas enfeitadas também.

No paleolítico esta data também era também celebrada e foram erguidos monumento em honra do solstício como, por exemplo, Stonehenge, Newgrange ou Glastonbury. 

Os romanos pré-católicos celebravam o Deus Saturno, as festas saturninas e que eram um período em que ninguém trabalhava, se ofereciam presentes, se visitavam os amigos e até alguns escravos recebiam permissão temporária para fazer tudo o que lhes agradasse.

Para se impor com mais facilidade, e dada a dificuldade devido à popularidade das saturninas, o cristianismo acabou também por misturar a sua celebração com o festejo pagão do nascimento do Sol, transformando-o na celebração do nascimento de Cristo.

Mas também do outro lado do Atlântico, no México, descobriu-se com a chegada dos europeus, já no séc. XV, que também as civilizações nativas celebravam esta data em honra do solstício e do nascimento do deus Huitzilopochtli. Também aqui esta era uma época do ano marcada pela generosidade, reuniões familiares para comer, sempre esperando que o deus renascesse do submundo para voltar à Terra.

Entre todas têm o momento astrológico em comum, o dia de hoje em comum, e, seja qual for a sua crença, qualquer dia é bom para regenerar, renovar e refletir. Hoje ainda mais, aproveite faça a sua lista de determinações para 2022.

 

 

Imagem de cnn. com