12 Maio 2016      15:01

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SOCIAL INNOVATION? YES WE CAN MR. PRESIDENT!

Estamos no final do 2.º mandato do Presidente Barack Obama, o primeiro Presidente afro-americano na Casa Branca, que ganhou as suas primeiras eleições presidenciais, em 2008, com uma campanha eleitoral marcada com a célebre frase Yes, we can!

Com esta frase, Obama relançava a ideia de que seria possível mudar muita coisa na sociedade americana, nomeadamente relançar a economia, acabar com a guerra no Iraque, dar voz às minorias étnicas e raciais, promover a igualdade de género, democratizar o sistema de saúde pública, enfim, tornar socialmente mais justo e coeso aquele país.

No decorrer do seu primeiro mandato, Barack Obama incluiu como um tema central da sua política social a promoção e apoio à inovação. De facto, poucos meses após a sua tomada de posse, Barack Obama discursa num daqueles tradicionais jantares americanos, com a presença de organizações sociais, empreendedores e doadores, apresentando as principais linhas da denominada Community Solutions Agenda, uma agenda para a inovação social de base comunitária.

Neste seu discurso, Barack Obama afirmava que era necessário que as boas soluções sociais desenvolvidas nas comunidades de base pudessem ser identificadas, estudadas, sistematizadas, apoiadas e replicadas por todo o território. Segundo Barack Obama “solutions to America's challenges are being developed every day at the grass roots -- and government shouldn't be supplanting those efforts, it should be supporting those efforts.  Instead of wasting taxpayer money on programs that are obsolete or ineffective, government should be seeking out creative, results-oriented programs and helping them replicate their efforts across America”.

Um movimento de inovação social, ao mais alto nível da administração pública, é assim iniciado, numa perspetiva de valorizar as organizações e os bons empreendedores que estão no terreno, e, com base em evidências de impacto, lançar programas para a sua replicabilidade, integrando-as em politicas públicas, ou trabalhando numa óptica de parceria. É com base nesta premissa que lança o programa Paying for Sucess, promovendo a boa cooperação da sociedade civil com a Administração, tendo por base inovadoras soluções sociais e a contratualização por resultados. Promove ainda, entre outros, o Office of Social Innovation and Civic Participation, um Gabinete que se focou precisamente em desenvolver programas de inovação social que apresentassem elevado desempenho e com forte impacto social, dotando o mesmo de um considerável envelope financeiro, na ordem dos 700 milhões de dólares.

A título de exemplo, os contratos Paying for Sucess, lançados em 2012, complexos mas com forte impacto social e cujos modelos similares estão a ser testados em alguns países europeus, são hoje uma realidade em 9 estados do território estado-unidense e estão em fase de lançamento em mais 21 estados.

Durante 8 anos existiu uma política forte de apoio à inovação social nos EUA, liderante em alguns sectores, valorizando o trabalho comunitário de base local, sistematizando as iniciativas, ajudando as mesmas a serem escaláveis e replicáveis, e com isso alcançar um enorme impacto social.

Neste momento estamos no final das Primárias nos EUA, as quais irão selecionar os candidatos dos republicanos e dos democratas para as eleições finais à presidência da Casa Branca.

Os republicanos já decidiram que o inenarrável e populista Donald Trump será o seu candidato. O seu perfil e ideias para as questões sociais, do que ouvimos até ao momento, parecem ser em tudo idêntico a um enorme elefante numa loja de fina porcelana chinesa.

A sua eventual eleição como 45º Presidente dos EUA, no campo da coesão e da inovação social (entre outros), parece afigurar-se um enorme retrocesso, com repercussões que serão muito para além daquele território.

Confiemos todavia na premonição de Barack Obama que em Fevereiro passado afirmou convictamente que “o Sr. Trump não vai ser presidente. Tenho muita fé nos americanos e no seu reconhecimento de que ser Presidente dos EUA é um trabalho sério!”

Imagem de capa daqui.