Hoje alguma imprensa anunciou em êxtase que, em entrevista ao Público, Catarina Martins afirmou que todos os dias se arrepende de pertencer à Geringonça.
O próprio jornal “Público” colocou a frase em destaque completamente retirada do contexto, com vem sendo hábito nos últimos tempos.
Lendo a entrevista na íntegra e colocando a frase no contexto, o que Catarina Martins afirma que todos os dias se arrepende de pertencer à geringonça mas que esse sentimento faz parte.
Acrescenta ainda que esse sentimento se deve ao desafio diário que é a governação em comparação com a oposição, sendo que, continuando os principais pontos do acordo a ser cumpridos, não existirá qualquer motivo para o BE abandonar a geringonça.
É certo que, tendo em conta o estado e a fome de alguma imprensa portuguesa, Catarina Martins terá sido um pouco ingénua na expressão que utilizou.
Mas igualmente certo é que a notícia foi transmitida como se a coordenadora do Bloco de Esquerda estivesse já a anunciar uma ruptura com o Governo, cenário desmentido pela própria poucas linhas abaixo na entrevista dada.
Quase que arriscaria dizer que há muito tempo que a parcialidade de alguma imprensa portuguesa é tão clara que choca.
Dizem os princípios do jornalismo que a imparcialidade na forma como se dá a notícia deverá ser sempre um dos pontos de partida, devendo a mesma ser dada com isenção e dando a mesma importância a todas as partes envolvidas.
Actualmente assistimos a jornalistas a retirar frases do contexto em que foram ditas. Assistimos a jornalistas a emitir juízos de valor e a proferir comentários jocosos sem qualquer respeito pelos princípios que se propuseram a cumprir.
Assistimos a debates em que o ponto de partida é a crítica parcial a uma das partes.
Resumindo, o jornalismo português anda pelas ruas da amargura fazendo a que o acto de comprar um jornal ou ver um noticiário se comece a tornar num verdadeiro arrependimento diário, esse sim sem mais acrescentos.
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