10 Fevereiro 2021      10:02

Está aqui

Sete linces-ibéricos são libertados este ano no Vale do Guadiana

Sete linces-ibéricos, espécie considerada como “Criticamente em Perigo” em Portugal, vão ser libertados este mês no país, o total do ano, anunciou o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Em comunicado citado pela Lusa, o ICNF revela que a época de soltas de lince-ibérico no país teve início esta terça-feira, com a libertação de dois de sete exemplares, num programa que “continuará até ao final do mês, na área de reintrodução do Vale do Guadiana”.

Os exemplares a soltar “nasceram em 2020, em três dos quatro centros de reprodução em cativeiro existentes na Península Ibérica”.

Dois exemplares machos provêm de El Acebuche e três exemplares fêmeas de La Olivilla, na Andaluzia, Espanha, adianta o comunicado, referindo que outros dois exemplares machos nasceram no Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico, do ICNF, localizado em Silves, no Algarve.

Além disso, o ICNF assinala que “as áreas de solta definidas para 2021 foram selecionadas com base em critérios técnicos de existência de habitat adequado e de disponibilidade de alimento para os linces e contaram com as valiosas colaborações do Regimento de Infantaria n.º 1 de Beja e da Câmara Municipal de Mértola, traduzidas na permissão de realização de parte das soltas, em terrenos sob a sua jurisdição”.

O instituto explica que 2020 foi “particularmente favorável ao lince em Portugal, com o nascimento de 60 crias em meio natural e o estabelecimento de 18 fêmeas reprodutoras com territórios estabilizados”, tornando o Vale do Guadiana numa das “áreas de reintrodução com maior sucesso a nível ibérico”.

“De facto, passados seis anos sobre o início da reintrodução do lince-ibérico em Portugal, este núcleo populacional evidencia um crescimento sustentado, reunindo mais de 150 exemplares que se distribuem por quase 500 quilómetros quadrados”, acrescenta a nota.

O ICNF observa ainda que, para esta situação, “tem contribuído a colaboração de proprietários e de gestores de herdades e de zonas de caça, uma gestão sustentável do território, a abundância de coelho-bravo, uma atitude favorável evidenciada pela população local à presença do lince e a conectividade da população de linces do Vale do Guadiana com as presentes noutras áreas de Espanha, fundamental para o incremento da variabilidade genética”.

Note-se que a área de reintrodução em Portugal foi selecionada em 2014, no âmbito do projeto LIFE Iberlince. De acordo com o instituto, “a área do Vale do Guadiana compreende territórios dos concelhos de Mértola, Serpa e zonas adjacentes, para onde os linces se dispersaram naturalmente, situadas nos concelhos de Alcoutim, Castro Verde e Beja”.

“Estas áreas estão agora a ser consolidadas, ampliadas e interligadas no âmbito do novo projeto LIFE Lynxconnect, liderado pela CAGPyDS da Junta de Andaluzia, iniciado em setembro de 2020”, e que, em Portugal, congrega como parceiros, além do ICNF, a Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo e a Infraestruturas de Portugal.

O ICNF adiantou também à Lusa que, “em 2017, como resultado do trabalho realizado por Espanha e Portugal, o estatuto de conservação do lince-ibérico na Península Ibérica desceu um nível, passando a ‘Ameaçado’”. “No entanto, em Portugal o seu estatuto ainda se mantém inalterado, mantendo-se como ‘Criticamente em Perigo’”, acrescentou.