2 Agosto 2022      10:15

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Seca gera incerteza nas vindimas no Alentejo

Francisco Mateus, presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA)

A época das vindimas no Alentejo já teve início, mas a quantidade e a qualidade da produção ainda são incertas, porque “as condições não foram as melhores”, devido à seca e temperaturas elevadas, revelou o presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA).

Em declarações à agência Lusa, Francisco Mateus considerou que, para a vinha, “as condições não foram as melhores, por causa do calor e por haver pouca água no solo”.

Com “menos humidade na terra”, devido à seca, “não vamos ter cachos cheios”, assinalou o responsável, notando, porém, que este até pode ser “um fator positivo”, por poder gerar “uvas mais concentradas”, para um ano vitivinícola de boa qualidade.

De acordo com o presidente, a CVRA comunicou este ano ao Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) uma estimativa de produção “entre menos 5% e mais 5%” em relação ao ano passado, a partir de uma previsão com “base no pólen” feita pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

“Essa previsão apontou para um número bom de cachos, só que nós tivemos menos água”, ou seja, até junho, choveu “menos 50% do que era normal”, pelo que “o peso de cada cacho vai ser menor, por causa da [falta de] água”, afirmou Francisco Mateus.

O responsável lembra ainda que a estimativa da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto é do “início de julho”, e, nessa altura, ainda não tinham ocorrido os dias de maior calor e faltavam cinco semanas para o arranque das vindimas.

“É, de facto, uma previsão que não nos dá para estarmos nem a estimar um aumento, nem a estimar uma diminuição da produção, precisamente, por essa incerteza de todos os dados que estão em cima da mesa”, sublinhou.

Nesse sentido, Francisco Mateus destacou que só “quando as uvas forem esmagadas” se saberá “o rendimento de transformação”.

Devido ao calor extremo, ocorrido sobretudo em julho, já se registaram “alguns choques de escaldão no Alentejo”, mas estes casos, “à partida, não são nada de preocupante”, disse.

De acordo com o presidente desta comissão vitivinícola, alguns produtores do Alentejo deram início à vindima no final de julho e outros irão fazê-lo durante este mês, num processo que se prolonga durante cerca de 10 semanas.

“Normalmente, a vindima no Alentejo começa de sul para norte e de este para oeste”, apontou.

No ano passado, foram produzidos no Alentejo “126 milhões de litros” de vinho, sendo esta “a produção mais alta dos últimos 30 anos”.

 

Fotografia de grandesescolhas.com