4 Dezembro 2022      18:03

Está aqui

Sabias de cor

Vem-me buscar. Estou onde sempre estive, sem pressas. Está na (tua) hora e o meu relógio bate constantemente nos ponteiros que exigem paz num mundo nosso.
Atrás da minha respiração, está a nossa canção a reproduzir-se sistematicamente e a minha mente implora, sussurrando sobre o dia que partiste e deixaste-me sem fôlego. Quero voltar a
casa. Suplico por conforto.

As luzes acenderam e na rua ecoa o preto bonito da noite de Inverno. O gelo abraça o meu corpo à medida que caminho, sabendo a rota que os meus pés farão inconscientemente. Os
meus lábios formam uma melodia com os meus dentes que são atingidos pelo frio. As estrelas cantam e desta vez abro horizontes com o seu auxílio. Há um padrão cintilante e sinto um
aperto em brasa no peito. O contraste indica que não estou sozinha.

Escrito entre a minha pele, estás tu. Pelos meus traços, estão os teus olhos perdidos nos meus, pintadas com o castanho acolhedor que sempre te pertencera.
O ar que sai de mim é quente. Na tentativa de aquecer a minha alma como tu sabias de cor. 

Os meus pés pararam e estou em frente a um jardim. Relva, flores e arbustos. Amor, intimidade e palavras soltas.