23 Setembro 2022      10:45

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Rui Horta junta a comunidade para se despedir dos palcos d’O Espaço do Tempo

A ligação entre Rui Horta, criador da estrutura cultural O Espaço do Tempo, e a população de Montemor-o-Novo deu origem à criação multidisciplinar que é apresentada na cidade, a partir de hoje e até ao próximo domingo, dia 25.

O espetáculo chama-se “Lúmen” e chega no ano em que Rui Horta sai do cargo de diretor artístico d’O Espaço do Tempo, lugar que passa a ser ocupado pelo encenador e programador Pedro Barreiro.

Vão ser realizadas três apresentações no Cineteatro Curvo Semedo, sendo as primeiras duas às 21:30 e a de domingo às 16:00. Em palco vão estar 42 pessoas, quase todas amadoras. Para além disso, muitas delas são de Montemor-o-Novo (ou aí residentes) ou da região.

Rui Horta falou à agência Lusa sobre este espetáculo que marca a sua despedida dos palcos d’O Espaço do Tempo e que só podia ser “um espetáculo com a comunidade”.

“Somos 42 pessoas no palco, entre os 14 anos e os 80 anos e, no fundo, é uma celebração destes anos e de estarmos juntos em comunidade numa terra que me acolheu há 22 anos, da qual eu sou, hoje em dia, um simples montemorense de adoção e onde eu fiz a minha vida, onde eduquei os meus filhos”, explicou à Lusa, sublinhando também que “O Espaço do Tempo foi acolhido de braços abertos” e que a associação cultural deu “tudo o que podia de retorno”, o que se traduz em muita atividade cultural e num robusto projeto de economia local.

“Lúmen é a unidade de iluminação que é emitida, normalmente, por um projetor e, portanto, eu chamo-lhe ‘Lúmen’ porque faço uma associação com a luz que cada um de nós tem e emite e que todos temos e, portanto, fui à procura disso nos meus intérpretes”, afirmou ainda Rui Horta à Lusa, explicando que este espetáculo é então baseado nos intérpretes amadores, que são de Montemor-o-Novo, mas também  de outros locais, como Évora ou Viana do Alentejo.

Numa sociedade que vê, no geral, como fortemente fragmentada, o coreógrafo considera que Montemor-o-Novo é “um caso à parte”, que deve ser homenageado com este espetáculo devido à forte vida associativa que tem, destacando que “Montemor tem dezenas de associações de todos os géneros e eu acho notável e tenho uma grande admiração pelos amadores, por aqueles que tocam um instrumento, que saem de casa tarde e a más horas, depois de jantar e ainda vão ensaiar para uma banda filarmónica ou para um grupo de teatro ou para um coral” e acrescentando ainda que Montemor, com uma sociedade muito unida, tem sabido reinventar-se, atraindo pessoas qualificadas e interessadas na vida comunitária.

Apesar de “Lúmen” ser o espetáculo que marca a sua despedida dos palcos, Rui Horta vai continuar como presidente da associação, afirmando estar sempre disponível para “defender o projeto”, caso seja necessário.

Além disso, vai continuar a morar em Montemor-o-Novo e não pensa na reforma, uma vez que tem “trabalho em todo o mundo” e que, atualmente, é possível chegar facilmente a qualquer parte.

 

Fotografia de dn.pt