14 Maio 2021      09:18

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A Revitalização do Alto Alentejo!

Mais que as estatísticas e indicadores económicos é a própria vida das empresas e das pessoas na região que revela, para os que não andam distraídos com o inusitado desenrolar do campeonato ou com os planos para os “bilhões” que se anunciam, que de uma forma geral a economia da região não tem melhorado, sendo urgente “fazer qualquer coisa” para mudar o estado da região!

Claro que existem os reformados, os conformados e os anestesiados, mas aqueles que ainda encontram forças para “pensar” no futuro do Alto Alentejo sabem bem que o mesmo não se oferece muito risonho. Exceto talvez para os que estão numa fase da vida que só querem “sopas e descanso”, sempre aproveitando a tranquilidade e roteiro gastronómico da região! Mas para a generalidade dos agentes económicos a coisa não está nada famosa, e vem aí o fim das moratórias! Muitos vão tendo a esperança que entretanto chegam os “bilhões”, mas à velocidade que estes processos se mexem, está-se a ver que para muitos ainda chega primeiro o “fim” que o “princípio” da recuperação. Sobretudo para os mais dependentes do comércio regional, falta-lhes o consumo e força dos mercados próximos. Poucas vendas, pouca tesouraria!

E os bancos, depois do desvario, estão agora preocupados com a sua solidez, pelo que mais que nunca praticam o tradicional e livresco princípio do “risco comercial”. Ou seja, quanto mais a empresa tem dificuldades e precisa de ajuda, mais os bancos “apertam e tiram o tapete”! Parece que na ortodoxa técnica bancária preferem as imparidades à recuperação de crédito!

Infelizmente tudo indica que o recente Banco de Fomento, de quem se esperava um comportamento mais amigo da economia, vai afinal pelo mesmo caminho! Funcionando mais como “Banco”, igual aos demais, que como “Fomento” da economia, e muito menos das regiões!

Todas estas reflexões se destinam afinal a suportar uma conclusão, que queremos crer praticamente consensual, a de que: o Alto Alentejo precisa de um Plano de Revitalização!

Um Plano que dê nova vitalidade à economia regional! Um Plano articulado que agilize e optimize todos os fundos a aplicar na região, de uma forma coordenada, potenciando o seu impacto! Um Plano que traga mais verbas para a região, incentivando o investimento e criando mais riqueza e mais emprego!

Outras regiões já beneficiaram deste tipo de Plano, também nós tivemos há muitos anos a experiência pioneira da OID/NA - Operação Integrada de Desenvolvimento do Norte Alentejo. Se na altura esta Operação se justificava, as circunstâncias não só não se alteraram significativamente como até aconselham a avançar com um projecto da mesma natureza, agora beneficiado pela aprendizagem da experiência anterior.

Será que o Alto Alentejo, indiscutivelmente uma das regiões mais necessitada de um crescimento acelerado, não se consegue fazer ouvir nesta legítima e justa reclamação? Esperemos que os nossos políticos se iluminem perante uma proposta tão flagrantemente necessária e consigam fazer perceber os decisores de que este é o momento! Agora ou nunca!

Pelo nosso lado, acompanhados ou não, seguiremos defendendo esta proposta de criação do Plano de Revitalização, que entre os vários instrumentos a utilizar teria oportunidade de testar um Fundo de Investimento Regional. Um instrumento financeiro cujo funcionamento já anteriormente explicámos, e que desempenha as funções que os bancos, incluindo o Banco de Fomento, não conseguem desempenhar! Viabilizando as empresas com dificuldades, financiando e apoiando o financiamento dos empreendedores e acompanhando a gestão das empresas participadas, garantindo as “boas práticas”. Um Fundo com vocação regional capaz de apoiar em proximidade e acompanhar os investimentos feitos em dezenas de empresas, que de outro modo encerrarão as portas, ou nunca as chegarão a abrir!

Plano de Revitalização e Fundo de Investimento Regional, dois conceitos, duas “bandeiras” que defenderemos firmemente, esperando que as ditas “forças vivas” da região congelem as “intriguices” políticas e pessoais e saibam ter a elevação de se unir naquilo que é de fundamental interesse para a região!

Jorge Pais Presidente NERPOR-AE

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Natural de Portalegre, onde reside, Jorge Pais preside ao Núcleo Empresarial da Região de Portalegre (NERPOR). Casado, com um filho, licenciou-se em Direito e tem formação complementar em economia. Jorge Pais é ainda vice-presidente da CIP.