8 Fevereiro 2021      12:02

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Restaurantes em Beja lutam contra prejuízos de 50 mil euros

Os restaurantes da cidade de Beja estão a passar por graves dificuldades devido à pandemia da covid-19, com prejuízos na ordem dos 50 a 60 mil euros, adianta a Rádio Pax.

Apesar do encerramento não estar ainda nos planos, alguns proprietários admitem que não sabem “até quando vão conseguir aguentar esta tormenta”.

Nelson Cigarro, dono do café/ restaurante “Dona Maria Deck”, diz que estas são “situações que se têm vindo a agravar”. “No ano passado, no primeiro confinamento era tudo novidade, tivemos de nos adaptar. Nessa altura estivemos confinados a 100 por cento, não trabalhámos. Este ano, com esta nova vaga da pandemia, já nos adaptámos de uma forma diferente. Estamos a trabalhar em regime take-away e com entregas ao domicílio”, refere.

Para o proprietário estes “são tempos difíceis”, mas admite que “temos de tentar fazer alguma coisa para salvaguardar os postos de trabalho, porque, no meu caso com 19 funcionários, a Segurança Social só me consegue pagar 70 por cento dos vencimentos, mas os outros 30 por cento são à minha responsabilidade, tal como os 11 por cento que eu tenho de pagar” à mesma entidade.

Além disso, Nelson Cigarro menciona que “com tantos funcionários mais água e luz é complicado. Vamos esperar pelos apoios que foram anunciados e que até agora não vimos nada. Vamos esperar e tentar levar a água a bom porto”.

Quanto ao serviço take-away, “funciona mais ao fim de semana”, mas o espaço está a trabalhar todos os dias para “tentar fazer o melhor possível para que as pessoas tenham confiança em nós e as coisas voltem mais ou menos à normalidade. O serviço está a funcionar a 100 por cento durante a semana, à hora de almoço e ao jantar”.

Ainda segundo o proprietário, são feitas “entregas através das comidas.pt” e através da sua “viatura própria: desloco-me tanto na cidade, como nas aldeias em redor, para facilitar as pessoas e também, para conseguir fazer mais alguma coisa”.

“É impossível conseguir controlar tudo”, prossegue, “mas até agora ainda não tivemos nenhum caso de covid-19, porque adotamos todas as medidas de higiene”.

“No ano passado fechei portas durantes dois meses. Só nesse período obtive um prejuízo de 16 mil euros. Estar fechado é muito pesado tendo em conta a casa que é e o número de funcionários que tenho. Fechei 2020 com tudo em dia, mas com um prejuízo de 50 a 60 mil euros”.

Apesar das dificuldades, “fechar portas definitivamente é impensável, nem que tenhamos de trabalhar dia e noite. Isso está completamente fora de questão, porque tem de se respeitar o projeto que está aqui e as pessoas que trabalham comigo diariamente. Tudo farei para evitar essa situação. Nem sequer me passa tal coisa pela cabeça”, adianta Nelson Cigarro.

Já Jorge Serrano, dono da cafetaria- que também serve refeições, “Miminho Doce”, admite que “estamos todos numa situação complicada”. “Fechar a porta não é nada bom, mas estar parado e sem trabalho ainda é muito pior”, reconhece o proprietário do estabelecimento.

“Não está nos planos fechar a porta. Graças a Deus estou preparado para aguentar um mês ou dois, mas depois a recuperação vai ser difícil”, acrescenta Jorge Serrano.

À semelhança destes estabelecimentos, também o restaurante “A Esquina” “já consumiu alguns dos recursos que haviam, agora tenta sobreviver, porque baixar os braços não está nos planos”, afirma Maria de Jesus, proprietária.

“Para já temos conseguido aguentar todos os postos de trabalho, como somos uma casa familiar vem sempre uma ajudinha. Tenho duas pessoas a trabalhar: o empregado de mesa e uma cozinheira. O empregado de mesa vai, à partida entrar em layoff total e a ajudante de cozinha em layoff parcial”.

Adicionalmente, Maria de Jesus afirma estar “a esgotar todos os meus recursos”, mas “quero acreditar que não será preciso fechar portas”, apesar de não descartar tal hipótese. “Gostava muito de apelar às pessoas para virem buscar uma refeição, porque preciso disto para sobreviver, mas ao mesmo tempo, trata-se de um caso de saúde pública, e ao estar a pedir às pessoas para saírem de casa e virem buscar comida vai em contrassenso daquilo que se pede, que é ficar em casa”, conclui.