A Repsol quer arrancar em 2026 com a produção de biometano e hidrogénio em Sines, como parte da estratégia de transição energética e reconversão das suas unidades industriais.
Em declarações à agência Lusa, o administrador-delegado da Repsol em Portugal, Armando Oliveira, disse que “já está tudo preparado” para o novo projeto de biometano, gás renovável, quimicamente semelhante ao gás natural, mas produzido a partir de resíduos orgânicos — como estrume, restos agrícolas ou alimentares.
Contudo, segundo a mesma fonte, o projeto ainda não arrancou porque há outros investimentos em curso, nomeadamente a nova fábrica de reutilização de polímeros e a instalação de painéis solares, que condicionaram a concretização do calendário.
“Há um conjunto de investimentos que, por vezes, ganham prioridade sobre outros”, afirmou o responsável, antecipando, no entanto, o arranque da produção para 2026.
No que respeita ao hidrogénio, Armando Oliveira avançou que também têm em curso um projeto e estão a analisar “a possibilidade da extensão do serviço a Torres Novas”.
“Estamos a estudar quase a arte da NASA porque é tudo novo”, observou, explicando que se trata de um processo de inovação gradual. “É tudo uma aprendizagem passo a passo”, reforçou. Ainda assim, está confiante que haja novidades concretas também no próximo ano.
Note-se que a produção em Sines integra a aposta da empresa na reconversão das refinarias para combustíveis 100% renováveis, como o HVO (óleo vegetal hidrotratado), obtido a partir de resíduos agrícolas e orgânicos combinados com hidrogénio verde produzido por eletrólise com energia solar.
“O que estamos habituados a ver como uma refinaria vai transformar-se radicalmente”, assinalou o gestor.
A Repsol, que se apresenta como o maior produtor ibérico de combustíveis renováveis, diz estar focada numa transição tecnológica “justa e inclusiva”, que combine várias soluções.
“O puzzle final da energia vai ser feito de várias peças”, defendeu, referindo-se à coexistência dos carros elétricos, do diesel renovável, do hidrogénio e de outras alternativas.
Relativamente ao apagão elétrico que afetou a Península Ibérica no dia 28 abril, Armando Oliveira defendeu que é essencial preparar o país para a eventual repetição de situações semelhantes. “Foi a primeira vez, ninguém estava preparado, mas temos de estar”, alertou, destacando a importância da logística e da capacidade de comunicação em contexto de crise.
O responsável salientou ainda que o gás natural continuará a desempenhar um papel relevante na matriz energética, embora defenda a necessidade de reduzir a dependência externa e apostar na eficiência.
“O consumo de energia também depende do comportamento de todos nós. Se formos mais eficientes, seremos menos dependentes”, concluiu.
Fotografia de jornaldenegocios.pt