15 Julho 2022      10:25

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Reformulação da central solar de Cercal do Alentejo é “pura cosmética”

O Movimento Juntos pelo Cercal criticou a reformulação de “pura cosmética” do projeto de construção da central solar, a ser construída no concelho de Santiago do Cacém, alertando para os prejuízos que vai causar.

Em comunicado, o movimento, citado pela agência Lusa, argumenta que “a reformulação, ao que parece, foi pura cosmética e destinou-se, não a dar resposta aos vários problemas que este projeto acarreta, ao nível da ecologia, da sustentabilidade, da socioeconomia, mas a dar a sensação de que o que estava mal, agora, foi corrigido”.

Esta reação surge após o anúncio dos promotores da central solar de que o projeto, já com “luz verde” da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), tinha sido reformulado.

“Esta tal ‘luz verde’ é dada sobre um projeto que já não é o mesmo que beneficiou de uma apreciação favorável, embora condicionada, por parte da APA. É sim um projeto reformulado, que ninguém conhece, com exceção do promotor e da própria APA”, criticou o Juntos Pelo Cercal.

Note-se que a Aquila Clean Energy, empresa que vai implementar o projeto, havia revelado que, com a construção da Central Solar, já “não será cortada nenhuma árvore”, estando prevista a plantação de 6 000 árvores e arbustos autóctones, além de ter sido aumentada a distância mínima dos módulos solares em relação às casas no local.

Contudo, o movimento cívico, constituído por moradores e empreendedores ligados à freguesia de Cercal do Alentejo, este anúncio “não é mais do que ‘atirar areia para os olhos’ de todos aqueles que se deixarem enganar”.

 “Como se os problemas que este projeto comporta se resumissem ao afastamento das casas e ao abate de árvores. Infelizmente, os problemas são muito maiores e vão muito para além dos apontados”, argumentou o movimento.

O Juntos pelo Cercal referiu que “não houve avaliação de impacto ambiental sobre parte substancial do projeto, designadamente sobre a desflorestação que vai ocorrer”.

Além disso, o uso do solo “vai ser completamente alterado e o processo de erosão, que já está em curso, irá transformar-se num processo de desertificação”, sublinhando que a biodiversidade também “vai ser afetada”.

“A Aquila não acautela nenhum destes aspetos, nem oferece soluções para os inúmeros prejuízos que vai causar às organizações turísticas locais”, destacou o movimento.

Recorde-se que esta central solar, com uma capacidade instalada estimada de 275 megawatts (MW), deverá entrar em exploração em 2024 e fornecer energia limpa a 141 mil casas, através da produção de 596 gigawatts-hora (GWh) por ano, segundo a empresa promotora.

 

Fotografia de dn.pt