26 Maio 2023      11:50

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Quercus alerta para água contaminada do Maranhão

A associação ambientalista Quercus exigiu a “intervenção imediata” das autoridades depois do aparecimento de uma quantidade perigosa de cianobactérias nas águas da barragem do Maranhão, em Avis.

Em comunicado, o Núcleo Regional de Portalegre da Quercus, citado pela Lusa, “exige a intervenção imediata” das autoridades, de modo a que situação seja “rapidamente analisada" e possam ser determinadas as causas do fenómeno.

Além disso, a entidade apela, como medida de prevenção e até que existam conclusões relativamente às análises, que as autoridades impeçam o acesso público aos locais de concentração das cianobactérias, pelo perigo que podem representar.

“A Quercus relembra também que, ao longo dos últimos anos, foram instalados milhares de hectares de olival intensivo e superintensivo nas margens da albufeira do Maranhão, pelo que insta as entidades competentes a estudar uma eventual relação causa – efeito entre esta instalação e o fenómeno que está a ocorrer, dado que a proliferação de cianobactérias pode ter origem em processos de eutrofização, devido ao excesso de nutrientes que são utilizados na agricultura”, adianta a entidade em comunicado.

Também a autarquia de Avis se mostra preocupada com a situação, culpando o olival intensivo. No dia 16 de maio, em declarações à Lusa, a vice-presidente da Câmara Municipal de Avis, Inês Fonseca, que tem o pelouro do Turismo, reconheceu que o que se está a passar é um problema e disse temer que a prática de desportos náuticos na albufeira seja interditada.

“A agricultura é importante, mas tem de se conseguir que todas as atividades sejam compatíveis”, alertou a autarca, salientando que o que está a acontecer coloca em causa os investimentos para a prática de desportos náuticos, como o remo, a canoagem, o triatlo ou a natação em águas abertas.

Garantindo que a câmara tem feito tudo para eliminar qualquer tipo de descarga para a albufeira e que todas as juntas de freguesia já têm estações de tratamento, Inês Fonseca assegurou que a autarquia tem falado com os agricultores, mas que estes negam estar na origem do problema.

Contudo, a vice-presidente da Câmara de Avis disse não ter dúvidas que o problema das cianobactérias surgiu com o aparecimento da agricultura intensiva, basicamente olival, que usa “muitos fertilizantes” que com a chuva acabam na água.

Entretanto, a delegação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) já confirmou a existência de cianobactérias (também conhecidas como algas azuis), e o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge também fez análises à água retirada do meio da albufeira, tendo o resultado sido o mesmo.

 

Fotografia de pt.wikipedia.org