22 Junho 2016      16:33

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QUEM TRAMOU A CAIXA?

"SEM MEIAS, NEM PEIAS"
E, aí vamos nós uma vez mais, sorrateiramente, de forma ordeira e submissa, recapitalizar outro banco, apenas aguardamos o momento da decisão.
 
O assunto do momento é o debate de uma iniciativa política em torno da abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD). E, como sempre as opiniões dividem-se: há os que se contentam com o um inquérito parlamentar; há os que defendem que inquérito parlamentar deve ser uma auditoria forense; há os que afirmam que a CGD é demasiado importante para ficar exposta à intriga política; e há o grupo dos ofendidos que na sua grande generalidade transformam qualquer assunto em tabu com o intuito de interditar o debate, já que tudo não passa de especulações gratuitas.
 
No entanto, as anteriores CPI, realizadas ao BPN, ao BES e ao Banif, de pouco ou nada serviram para esclarecimento da verdade e apuramento de responsáveis. Espremida bem a coisa, a única certeza com que ficámos foi que a supervisão bancária falhou redondamente de há muitos anos a esta parte.
 
Mas, se querem que paguemos, outra vez, milhares de milhões de euros é de suma importância colocar questões, pedir esclarecimentos e avaliar os atos de gestão do único Banco público português, que tem à sua guarda 70 mil milhões de euros em depósitos. E, para isso temos que contar com o empenhamento dos Deputados à Assembleia da República.
 
Os depositantes e o contribuinte (que paga) têm o direito de saber toda a verdade, quer seja através de inquérito parlamentar, auditoria forense ou investigação judicial. Desta vez, queremos saber quem autorizou os empréstimos de dezenas e centenas de milhões de euros, concedidos com frágeis garantias bancárias.
 
Por outro lado, também está na hora de pedir responsabilidades aos governantes que decidiram que a CGD devia apoiar o BCP, de Jardim Gonçalves, para lhe permitir a compra dos ativos financeiros de António Champalimaud; que obrigaram a CGD a adquirir um grande volume de ações do BCP, tendo passado a ser o seu maior acionista, num negócio desastroso estimado num prejuízo de mais de mil milhões de Euros; que decidiram alienar participações financeiras estratégicas e lucrativas da CGD na Cimpor, EDP e PT; que determinaram a venda da FIDELIDADE e da CGD-Saúde; que permitiram a CGD conceder um crédito de alto risco, de centenas de milhões de Euros a Joe Berardo para comprar ações do BCP, visando mudar a Administração deste Banco; que forçaram a CGD a gerir o BPN após a sua nacionalização, o que implicou injecções de capital avultadas para colmatar falhas de tesouraria, cujo montante estimado atingiu mais de 5 mil milhões de Euros.
 
Ao contrário da Caixa Geral de Depósitos não dou, nem vendo, nem empresto dinheiro e, também, não preciso de ser tarólogo, nem vidente para adivinhar o futuro pouco promissor reservado  ao maior banco nacional, que por sinal é público.
 
Imagam daqui.