12 Novembro 2019      16:21

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Quem fundou o Ceará foi um militar alentejano apaixonado por uma índia

Martim Soares Moreno é filho de Santiago do Cacém, foi nomeado 1.º capitão-mor do Ceará, por D. Filipe II de Portugal (III de Espanha) há 400 anos, e considerado o fundador desse Estado.

A Câmara Municipal de Santiago do Cacém prestou recentemente homenagem ao ilustre filho da terra numa cerimónia que contou com a presença de representantes da Prefeitura e de instituições do Ceará, e teve como ponto marcante o descerrar de uma placa comemorativa na Praça Conde de Bracial, em Santiago do Cacém. Do encontro surgiu, também, o entendimento para uma futura geminação entre Santiago do Cacém e Fortaleza, capital do estado do Ceará.

O Presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, sublinhou que é “um orgulho e um privilégio muito grande podermo-nos associar às comemorações dos 400 anos de Martim Soares Moreno”. Salientando os contactos que estão a ser desenvolvidos com a Prefeitura de Fortaleza para “estabelecermos um acordo de geminação entre as duas cidades, o que faz todo o sentido quando há esta figura histórica que nos aproxima e une”. Esta parceria seria a forma de “profundarmos relações” do ponto de vista cultural, artístico, empresarial e turístico.

Para Lúcio Alcântara, Presidente do Instituto do Ceará, estas homenagens “vão ter o condão de dar o realce devido a Martim Soares Moreno, pelo que realizou em benefício de Portugal e do Brasil”. Para este responsável a ligação entre Santiago do Cacém e Fortaleza “não deve ficar apenas por este evento, mas desdobrar-se em ações que traduzam de forma mais objetiva e prática esta proximidade entre as duas cidades”.

O Presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Turismo Brasil-Portugal, Wandocryr Edy Mori Romero, salientou as façanhas do militar Português que “permitiu ao Brasil ter o tamanho que tem hoje, e aí reside a grandeza de Martim Soares Moreno, pois a sua participação foi fundamental para conquistar territórios aos franceses e holandeses”. Este responsável não deixou de manifestar a sua emoção por ter a oportunidade de percorrer os caminhos da terra natal do militar, Santiago do Cacém.

José António Falcão, Presidente da Real Sociedade Arqueológica Lusitana, apresentou as suas investigações sobre Martim Soares Moreno dando a conhecer este natural de Santiago do Cacém, proveniente de uma família de lavradores abastados e que exerciam cargos de relevo. O historiador destacou a fulgurante carreira militar que levou o português a Capitão-mor do Ceará, a sua ligação à população indígena assim como a importância na conquista para a formação do Brasil. Revelando que, ainda hoje, há em Santiago do Cacém descendentes de Martim Soares Moreno.

Patrícia Macêdo, Secretária das Relações Internacionais e Federativas da Prefeitura de Fortaleza, destacou a relação que o militar português manteve com os povos indígenas, “porque, além de ser um guerreio de grande bravura, falava a língua dos índios e essa proximidade, essa afetividade ainda hoje une os cearenses a Santiago do Cacém”.

Durante a cerimónia o General Júlio Lima Verde, representante do comando da 10.ª Região Militar Martim Soares Moreno de Fortaleza, entregou à Câmara Municipal de Santiago do Cacém a medalha Martim Soares Moreno. “Pelos vínculos de colaboração e amizade mantidos pela ocasião das comemorações dos 400 anos da nomeação do militar como Capitão-mor do Ceará”.

No Estado do Ceará assinala-se a 26 de maio o Dia Martim Soares Moreno, cujo o nome está  inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, que se encontra no Pantaleão da Pátria e da Libertade Tancredo Neves, em Brasília. O escritor José de Alencar fê-lo uma das figuras principais do romance Iracema, publicado em 1865, onde Moreno se apaixona pela índia Iracema, a virgem dos lábios de mel e de cabelos mais negros que a asa da graúna, que é leitura obrigatória para todos os estudantes brasileiros. O que mostra a importância que este filho de Santiago do Cacém teve na história do Brasil.