24 Dezembro 2021      16:57

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Quando o espírito de Natal parou a guerra e se jogou futebol

O espírito natalício não é mais que o mais intrínseco sentimento humano de fraternidade, baseado sempre no princípio de que aquilo que nos une será sempre mais que aquilo que nos separa.

Em dezembro de 1914, em plena Primeira Guerra Mundial, esse espírito, pelo menos por uns dias, levou a melhor sobre a guerra, sobre as diferenças e, nas trincheiras, a guerra parou para dar lugar à comemoração do Natal. Nesse dezembro, suspendeu-se a guerra por umas horas e os soldados de ambos os lados das trincheiras voltaram a ser apenas civis.

Numa das frentes de batalha, entre a Bélgica e a França, a 24 de dezembro, faz hoje 105 anos, soldados alemães colocaram, nos parapeitos das trincheiras, árvores iluminadas improvisadas. Os Aliados viram, imitaram, e surgiu uma Paz improvisada e temporária – a frente de batalha não queria esta guerra, as altas patentes sim.

Gritos de “não disparem, nós também não” foram dando azo às tréguas que surgiam de um lado e outro, substituindo as balas; aos poucos, os soldados saiam das trincheiras, a medo, e começaram a apertar as mãos, a conversar, a partilhar tabaco. enterraram-se os mortos, cavando sepulturas juntos e partilhando homenagens fúnebres. Cantaram-se músicas de Natal, partilharam comida e presentes simbólicos, muitos trocaram botões de uniformes. Mais, jogaram futebol, também com bolas improvisadas e alguns relatos revelam até que, já madrugada dentro, no dia de Natal, bandas alemãs tocaram ‘Home Sweet Home’ e ‘God Save the King’. A trégua aconteceu em dezenas de pontos na frente de batalha, do Mar do Norte até à fronteira com a Suíça, e houve troca e partilha de alimentos: carne, vinho, conhaque, pão, biscoitos, presunto e até barris de cerveja.

Mostraram fotografias das famílias uns aos outros e estes relatos, destes dias de 1914, foram contados por carta às famílias que estavam long.es mostraram fotografias da família e entes queridos que estavam em casa.

https://www.youtube.com/watch?v=e_kfszOgCr8

Nos anos seguintes, os soldados tentaram repetir a trégua, mas os generais não o permitiram e não toleraram a confraternização em seres humanos de nacionalidades diferentes, tudo em nome do fanatismo, da ignorância e da ânsia desmedida de poder.

 

Imagem extracampo. com.br