20 Novembro 2020      10:16

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Projetos para hidrogénio verde estão a ser desenvolvidos em Évora e Sines

O hidrogénio verde vai começar a ser produzido em Portugal ainda este ano com dois projetos em Évora e Sines, revelou o secretário de Estado da Energia, João Galamba, na terceira edição da Advocatus Summit.

Em declarações à ECO/Capital Verde, João Galamba afirmou que “exportar hidrogénio verde no próximo ano é difícil, mas produzir sim. Idealmente, até este ano”. O governante explicou que se tratam de dois projetos-piloto de pequena dimensão, e que por isso não fazem parte da lista dos 37 projetos selecionados para eventualmente poderem vir a integrar a candidatura conjunta de Portugal e da Holanda ao estatuto IPCEI da Comissão Europeia até ao final do ano. No entanto, servem para avaliar o impacto do hidrogénio verde na rede antes mesmo da sua exploração comercial.

De acordo com o secretário de Estado, o projeto Green Gas está a ser desenvolvido em Évora pela Fusion Fuel, em parceria com a Galp, um projeto-piloto que irá testar em breve a injeção na rede de distribuição do hidrogénio verde que a empresa já está a produzir por eletrólise da água na sua unidade industrial no Sabugo, em Almargem do Bispo, com base numa tecnologia inovadora de concentração da radiação solar (DC-PEHG).

A empresa anunciou que pretende investir 488 milhões de euros em cinco projetos de hidrogénio até 2025. João Wahnon, fundador e diretor executivo da Fusion Fuel, revelou ao ECO/Capital Verde que em 2021 a empresa vai apostar 18 milhões na transferência da sua fábrica para o sul do país, com incremento da capacidade produtiva, e mais 25 milhões no projeto de hidrogénio Sines 1, com capacidade para produzir 2.500 toneladas daquele gás até ao final do próximo ano. Seguem-se depois as fases 2 a 5 do projeto da Fusion Fuel, entre 2022 e 2025 (com investimentos anuais sucessivos de 61 milhões, 95 milhões, 142 milhões e 166 milhões). Quanto estiverem todos concluídos, a empresa quer estar a produzir 61 mil toneladas de hidrogénio.

Já o projeto-âncora H2Sines, a mega-unidade industrial para a produção de hidrogénio verde em Sines por eletrólise (com recurso à energia solar fotovoltaica), está ainda em fase de avaliação pré-investimento por parte um consórcio pan-europeu composto por empresas nacionais (incluindo EDP, Galp, REN e Martifer) e internacionais, com vista à criação de uma unidade industrial central em Sines. Numa primeira fase, serão instalados 10MW de eletrólise que, até 2030, poderá evoluir até 1GW.

Segundo João Galamba, “os investimentos em renováveis são dos poucos que não pararam e até aceleraram na pandemia. Não vemos nenhuma alteração nos projetos que tínhamos. Pelo contrário, até vemos uma aceleração”, acrescentando que será durante a próxima década que o Governo pretende impulsionar a produção de hidrogénio verde.

No Plano Nacional do Hidrogénio está previsto um mecanismo de apoio entre 2021 e 2030 que cubra a diferença entre o preço de produção do hidrogénio verde e o preço do gás natural no mercado ibérico de gás natural. Serão leiloadas 76 quilotoneladas de hidrogénio verde em Portugal, para uma incorporação de 15% na rede de gás natural, com um apoio do Fundo Ambiental entre 500 e 550 milhões de euros. No entanto, Galamba garante que não haverá custos para os contribuintes.

“Um dos pontos de partida da estratégia é reconhecer, que no passado, estratégias de apoio às renováveis eram inteiramente pagas pelos consumidores. Isso gerou problemas, por um lado, de competitividade da economia portuguesa e, por outro, de aceitação por parte desses agentes que pagavam a fatura. E é o ponto de partida da estratégia é reconhecer que esse paradigma tem de ser afetado”, apontou o secretário de Estado.

 

Fotografia de expresso.pt