17 Fevereiro 2022      10:14

Está aqui

Projeto-piloto para captar profissionais de saúde chega a Évora

As Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) do concelho de Évora vão poder experimentar, nos próximos seis meses e de forma gratuita, a plataforma digital “MyCareforce”, que tem como objetivo ajudar a diminuir a falta de recursos humanos, para já apenas enfermeiros, nestas instituições.

De acordo com a Renascença, a sessão de apresentação desta plataforma decorreu na passada quarta-feira, tratando-se de um projeto para captação de profissionais de saúde que chega agora a Évora, através da União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social de Évora (UDIPSS-Évora).

Tiago Abalroado, presidente da UDIPSS-Évora, afirmou que “contamos com a MyCareforce para levar para a frente um projeto-piloto que vai procurar congregar enfermeiros, profissionais de saúde e IPSS”, acrescentando que a disponibilização de “um sistema aplicacional” vai permitir que se consiga “captar profissionais tão necessários na nossa região”.

Neste sentido, com esta parceria, vai “ser possível, durante um período piloto de seis meses, assegurar uma fase de teste, da experimentação da aplicação junto das IPSS do concelho de Évora, por onde começaremos, para testar a eficácia desta aplicação”.

Por outro lado, o responsável refere que “queremos garantir, também, ir conseguindo congregar os profissionais de saúde que se encontram na maioria na capital de distrito e no concelho”, para, posteriormente, “podermos alargar aos outros concelhos do distrito e demais IPSS, avaliando a sua eficácia e, ao mesmo tempo, colher contributos para que a aplicação se torne mais útil”.

Tiago Ramos, diretor de Recursos Humanos da ACASO, a Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão (Faro), já experimentou a “MyCareforce” e garante o seu sucesso: “em termos de recursos humanos, enquanto entidade empregadora, esta plataforma facilita-nos imenso a gestão do processo do prestador de serviço, porque todos os enfermeiros que nela estão inscritos têm todas as condições, nós temos essa garantia, para prestar cuidados de enfermagem, além dos pagamentos ou preenchimento dos turnos, que é muito mais fácil, rápido e seguro”.

Já João Silva, cofundador e responsável de operações da “MyCareforce”, baseia-se em estudos credíveis e que apontam para uma escassez de profissionais de saúde de “cerca de 18 milhões, até 2030”. Um número preocupante sustentado em motivos como o cansaço dos profissionais, a falta de retenção, neste caso em Portugal, a falta de condições de trabalho ou a passagem de muitos à reforma nos próximos anos.

Segundo o responsável, uma das oportunidades em tempos difíceis é “que as instituições tenham acesso a uma resposta adaptada e flexível para as necessidades, acesso a um banco de profissionais disponíveis”, mantendo, ao mesmo tempo, “o equilíbrio profissional e pessoal dos nossos profissionais”.

É neste contexto que surge a “MyCareforce”, uma ferramenta digital que admite às instituições o acesso direto a um banco de enfermeiros locais, permitindo-lhes preencher em horários a prestação dos cuidados de saúde, sem manchar a qualidade dos mesmos.

“É fácil de operacionalizar, quer para profissionais, quer para as instituições”, garante o cofundador da plataforma. “Estas têm 100% de autonomia na publicação dos turnos, onde definem o horário em que necessitam do enfermeiro, o valor a pagar, a formação do profissional e outros requisitos”, acrescenta.

Por sua vez, “os enfermeiros registados na plataforma têm acesso a esta informação e consoante a experiência e a disponibilidade podem candidatar-se, sendo depois de uma criteriosa avaliação”, escolhido o candidato que melhor se adequa à necessidade sentida.

De acordo com os promotores, a plataforma, oito meses e meio após a sua criação, já conta com mais de 6 400 enfermeiros registados, trabalhando com cerca de 40 instituições de saúde, tendo sido possível preencher mais de sete mil horas de enfermagem.

“Com este projeto-piloto em colaboração com a União Distrital de Évora das IPSS, começamos no concelho de Évora para vos ajudar nesta luta diária que é a gestão dos recursos humanos nas instituições de saúde, disponibilizando a nossa plataforma, durante seis meses, de forma gratuita, para um teste e assim ajudarmos a colmatar as vossas necessidades”, anunciou João Silva.

A “MyCareforce” foi desenhada para todas as instituições e é abrangente a todos os cuidadores de saúde, independentemente da sua tipologia. Por agora comporta apenas o pessoal de enfermagem devido à sua escassez, mas nos “próximos meses, um ano abriremos a outros profissionais” como, por exemplo, terapeutas da fala, de reabilitação, fisioterapeutas e até médicos.

Além da “MyCareforce” e da União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social de Évora, este projeto-piloto de parceria é desenvolvido também com a Administração Regional de Saúde do Alentejo e o Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia.