Chama-se a águia-caçadeira (Circus pygargus) - é também conhecida como tartaranhão-caçador - e é a mais pequena das águias europeias.
É uma das aves em maior risco de extinção da fauna terrestre nacional, e alimenta-se sobretudo de insetos, mas também passeriformes, répteis e pequenos mamíferos, principalmente ratos. A sua distribuição é maior nas planícies alentejanas, frequentando terrenos abertos com poucas árvores, nomeadamente áreas coincidentes culturas cerealíferas.
O seu risco de extinção deve-se em muito à substituição da cultura cerealífera de trigo e aveia por prados permanentes, cujo corte se faz mais cedo coincidindo com o período de nidificação desta espécie e que pode causar a perda de ovos, crias e por vezes adultos também.
Visando promover a conservação da Águia-caçadeira, o Clube de Produtores Continente (CPC), a Associação Nacional de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais (ANPOC) e o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO/BIOPOLIS) da Universidade do Porto, com a colaboração do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), juntaram-se agora num projeto que pretende valorizar o contributo das searas de trigo nacionais para a promoção de biodiversidade de aves, incluindo a de espécies ameaçadas como esta.
Assim, os agricultores e os proprietários de terrenos estão a ajudar ativamente na identificação das colónias destas aves, enviando ao CIBIO/BIOPOLIS e ao ICNF informações sobre os avistamentos das águias, o número de animais e, sempre que possível, o sexo dos mesmos, além de implementarem voluntariamente medidas de proteção dos ninhos e crias (delimitando o espaço em que estes se encontram, para que não haja atividade de máquinas agrícolas e instalando proteções anti predadores, por exemplo).
Até ao momento já foram acompanhadas 13 ceifas de 26 produtores nacionais para implementar estas medidas.
Através desta iniciativa, as cerca de 7 toneladas de farinha utilizadas diariamente nas padarias das lojas Continente, já provêm de searas de trigo da região do Alentejo que são monitorizadas de forma a proteger a biodiversidade e a conservação de aves em extinção.
“Estamos comprometidos com a proteção da fauna e flora do nosso país, com a biodiversidade e a sustentabilidade ambiental, e acreditamos que este projeto pode ter um impacto muito significativo na sobrevivência e recuperação desta espécie atualmente em vias de desaparecer das planícies alentejanas” explica Ondina Afonso, presidente do CPC.
O objetivo do Clube de Produtores Continente é disponibilizar produtos nacionais de excelência aos clientes, resultantes de um trabalho de parceira com os fornecedores, suportado em conhecimento técnico-científico e que permite alinhar a oferta às tendências de consumo. Em junho deste ano, o CPC estabeleceu uma ‘Declaração para a Sustentabilidade’ para os seus membros, baseada em 11 princípios e diversas iniciativas (como o projeto de proteção da Águia-caçadeira), para promover a produção e consumo sustentáveis e um sistema alimentar que respeita o ambiente.
Foto de João Claro