A produtividade do setor agrícola em Portugal situa-se em cerca de 40% da média da União Europeia, apesar do crescimento registado na última década. O diagnóstico foi apresentado por Sandra Primitivo, responsável pela área de avaliação de políticas públicas da EY-Parthenon, no 7.º Colóquio Hortofrutícola organizado pela Lusomorango, em São Teotónio, concelho de Odemira.
Segundo a especialista, desde 2009 verificou-se um aumento sustentado da superfície regada e da produtividade agrícola, mas a evolução tem sido mais lenta do que no conjunto da União Europeia. A responsável sublinhou, contudo, que o panorama não é homogéneo: setores como o tomate, kiwi, pequenos frutos, amêndoa e azeitona apresentam crescimento, enquanto a batata evidencia uma quebra contínua.
Novas culturas, como os frutos vermelhos e o abacate, surgiram nas últimas duas décadas e têm vindo a consolidar-se, destacando-se pela capacidade de exportação. Também a beringela registou uma evolução significativa, passando de valores inferiores à média europeia para o dobro dessa média em 2023. Já o arroz mantém níveis de produção próximos dos verificados no espaço europeu.
No colóquio, Sandra Primitivo identificou desafios prioritários para o setor: aumentar a eficiência e a qualidade, inserir as produções em cadeias de valor com maior valor acrescentado, adaptar as culturas às alterações climáticas e promover práticas agrícolas mais sustentáveis. Destacou igualmente a necessidade de reestruturar modelos de negócio, reforçar as organizações de produtores e qualificar a mão de obra, de modo a atrair jovens para a agricultura.
Outros intervenientes no encontro, como António Serrano (Jerónimo Martins), Paulo Portas, Susana Pombo e Loic de Oliveira (Lusomorango), salientaram questões complementares, como a burocracia, a escassez de mão de obra e a necessidade de antecipar os desafios do setor. O presidente da Câmara de Odemira sublinhou, por seu lado, a importância da paz social para o desenvolvimento agrícola regional.