24 Julho 2024      11:13

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Produção de vinho no Alentejo deverá sofrer quebra de 10% este ano

Este ano, a produção de vinho na região do Alentejo deverá sofrer uma quebra de cerca de 10% em relação à campanha de 2023, devido às condições climáticas, revelou a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA).

O presidente da CVRA, Francisco Mateus, assinalou, em declarações à agência Lusa, que a estimativa feita pela comissão aponta para uma produção de cerca de 110 milhões de litros de vinho, quando, em 2023, a produção foi superior a 120 milhões.

“Esta quebra de produção vem das condições climáticas que fomos tendo ao longo do ciclo da videira”, esclareceu, sublinhando que a CVRA já comunicou as suas estimativas ao Instituto da Vinha e do Vinho (IVV).

De acordo com Francisco Mateus, o início deste ano “foi promissor em termos de água”, devido à chuva que ocorreu, mas, com a chegada da primavera, chegaram também “temperaturas elevadas e humidade, o que causou algum míldio [doença que ataca a videira]”.

“Em maio e junho, tivemos temperaturas acima de 35 graus [Celsius], que causaram escaldão e, nalgumas zonas, houve cachos que ficaram secos”, apontou.

Este mês, salientou o responsável, já foram registadas também temperaturas elevadas, continuando “a haver escaldão e desidratação, que faz com que os cachos de uva que estão nas cepas acabem por ter um peso menor”.

Sublinhando que a quebra de produção prevista “não significa que haverá falta de vinho do Alentejo”, o presidente da CVRA destacou que a produção de 2023 é que foi “bastante elevada e terá sido mesmo a segunda ou a terceira maior produção” de sempre.

O responsável avançou também que a CVRA tem a indicação de que dois produtores do interior do Baixo Alentejo já deram início à vindima.

“São sempre os brancos para base de espumantes ou castas mais precoces que são vindimados mais cedo”, explicou, antecipando que a campanha das vindimas no Alentejo, que se prolonga até final de setembro, “comece a ser mais dinâmica” a partir da próxima semana ou da seguinte. 

A CVRA, criada no ano de 1989, tem a seu cargo a proteção e a defesa da Denominação de Origem Controlada (DOC) Alentejo e da Indicação Geográfica Alentejano, a certificação e o controlo da origem e da qualidade e a promoção e o fomento da sustentabilidade.

A região do Alentejo lidera a nível nacional em vinhos certificados, registando 40% do valor total das vendas num universo de 14 regiões vitivinícolas no país.

Com 23,3 mil hectares de área de vinha, 30% da produção da região é exportada para cinco principais destinos: Brasil, Suíça, Estados Unidos da América (EUA), Reino Unido e Polónia.

 

Fotografia de publico.pt