29 Março 2020      11:10

Está aqui

Presos em nós

Estou (estamos) presa sem ter cometido nenhum crime. Enclausurada por um erro inconsciente. Mas eu sou a próxima geração. Não posso. Não devo. Não vou sair.

Os acontecimentos recentes levaram-me a passar tempo comigo mesma, descobrindo novas partes de mim que nunca tivera conhecido e aprendendo a lidar com novas emoções e pensamentos.

Respiro fundo várias vezes ao dia porque sei que isto vai passar. Sei que vai passar porque confio em mim e confio nos outros. Sei que, juntos, trabalharemos para chegar ao final desta pandemia negra o mais depressa possível.

A este ponto, precisamos de nos alimentar de esperança. É essa a chave. Embora pareça a tarefa mais difícil do mundo, a união faz a força e em alguma situação, não podemos deixar ninguém ir abaixo. Se um cair, caímos todos. O nosso país está um dominó inconstante. Temos que, e devemos, segurar-nos uns aos outros. Dar a mão, sem dar a mão.

Nestas situações, é quando verificamos o quão poderosa uma palavra ou um simples ato consegue ser. Nós conseguimos.

“Isto”, perto da nossa história, não é nada. Problemas estão sempre a acontecer e com eles vem uma solução. Tudo se ultrapassou, certo? É tudo uma questão de tempo; sempre foi, sempre será.

Estamos a marcar a nossa história cujo final depende de ti, de nós. Escrever uma história bonita com um final feliz ou uma história negra com um final que arrepia só de pensar.

Li algures que Anne Frank ficou em casa durante vinte e cinco meses, sem conforto algum; pelo contrário, com todo o cuidado para não ser descoberta. Reflictam sobre isso.

Apelo então, para tu, que estás a ler, fiques em casa. Se não o fizeres por ti, faz pelo próximo. Coloca a mão na consciência e pensa nos dias que virão (se chegarmos aí). Pensa na família que ainda virá.

Faz pela geração futura. Faz por todos nós. Temos o futuro na mão e só nos resta dar-lhe um final como ele merece. Afinal de contas, “vai tudo ficar bem”.

“Hope is the only thing stronger than fear” – Robert Ludlum

 

Por Rita Medinas, natural de Reguengos de Monsaraz, com dezoito anos e estudante do Curso de Português na Universidade de Coimbra.