25 Abril 2016      11:59

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PORQUE PRECISAMOS URGENTEMENTE DE SERVIÇOS SECRETOS EUROPEUS?

"ENTRE NAÇÕES"

A Europa como a conhecemos atravessa um período de desafios de calibre elevado. O fluxo de refugiados, o descalabro líbio, o conflito sírio e a proliferação do Daesh a sul, o conflito ucraniano a leste, as pressões russas na fronteira com os Estados bálticos a norte, e a ameaça terrorista interna, constituem neste momento as maiores preocupações na esfera europeia.

Desafios desta envergadura requerem soluções igualmente proporcionais. Uma solução igualmente proporcional e transversal a todos eles seria a criação daquilo que alguns já chamam Eurintel. Um serviço europeu de informações e inteligência da inteira responsabilidade e administração das instituições europeias.

A pergunta a colocar será: Mas porquê criar serviços de inteligência europeus se cada país europeu possui os seus? Temos o MI6 no Reino Unido, o BND na Alemanha, o DGSE em França, o AISE em Itália, o CNI em Espanha, o SIRP em Portugal, entre os demais. O cerne da questão reside aí mesmo, cada país possui os seus serviços de inteligência, assim como todos os países possuem os seus próprios interesses, interesses esses que muitas vezes não permitem a partilha de certas e determinadas informações entre si. O que leva à existência de buracos na segurança ao nível da Europa inteira.

Talvez se um serviço de inteligência europeu existisse, o combate ao terrorismo ao nível interno fosse uma tarefa triplamente mais facilitada. Um serviço europeu de inteligência, com uma estrutura própria, bem preparado e apetrechado, que recolhesse e tratasse a sua própria informação, e que actuasse em nome próprio, seria sem dúvida vantajoso para a segurança e defesa europeia.

Veio posteriormente a saber-se que aquando dos atentados de Bruxelas (Zaventem) e Paris (Bataclan e Charlie Hebdo), instituições como o MI6 (Reino Unido) e a Säpo (Suécia) possuíam informações privilegiadas acerca dos suspeitos e das suas possíveis intenções, informações essas que não foram partilhadas quer com o DGSE (França), quer com o SV/SE (Bélgica), e que poderiam ditar um desfecho diferente para os três ataques. Isto resulta da relutância que Estados soberanos têm em relação à partilha de certos e determinados conteúdos de informação, o que não deixa de ser legítimo, todos os países têm os seus segredos e o direito aos mesmos. A realidade é esta, o sistema de partilha de informações peca por defeito, pois existem fronteiras no mundo da intel europeia, e dentro dessas fronteiras existem interesses próprios e segredos de Estado muitas vezes incompatíveis com a partilha de informações.

É derivado a estes “buracos” na segurança que um sistema europeu de informações e inteligência autónomo e sem fronteiras teria a possibilidade de ser mais eficiente. Uma Eurintel não teria de responder a nenhum serviço de informações nacional, mas também não seria a tutela de nenhum deles, seria um serviço independente e paralelo aos demais serviços de intel europeus, com os quais coexistiria e cooperaria. Um serviço com o qual os Europeus siariam certamente a ganhar.

 

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