29 Julho 2020      10:15

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Politécnico de Portalegre alerta para o risco de encerramento da Economia Social

De acordo com um estudo levado a cabo pelos institutos politécnicos de Setúbal e de Portalegre, a crise provocada pelo coronavírus pode levar a que uma em cada cinco organizações da Economia Social feche portas nos próximos dois meses.

O estudo “Economia Social no contexto Covid-19” foi desenvolvido por uma equipa de investigadores do Instituto Politécnico de Setúbal e do Politécnico de Portalegre, que analisou a realidade atual das OES com o objetivo de contribuir para as políticas públicas e a gestão destas organizações.

O presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Pedro Dominguinhos, que coordenou esta iniciativa, explica o impacto que a pandemia teve no setor, nomeadamente através da diminuição “da sua capacidade de intervenção, sobretudo na área da educação, das artes e da cultura.”

O responsável refere ainda, em declarações à Renascença, que “o estudo é claro ao apontar que cerca de 20 por cento das organizações têm receio de que nos próximos meses tenham de fechar as portas se não houver uma intervenção significativa da arrecadação das receitas extraordinárias, doações ou outras iniciativas do Estado que possam ajudar estas organizações”.

Para Pedro Dominguinhos, este estudo funciona como um alerta e mostra a necessidade de outra abordagem, “sobretudo ao nível da reavaliação da estratégia de angariação de fundos, ao nível ao apoio tecnológico, porque estas instituições têm de ter uma comunicação muito eletrónica de interfaces com instituições públicas. Por outro lado, a divulgação de um reporte em tempo real sobre as necessidades destas organizações de economia social”.

O presidente do CCISP explica também que “algo que é essencial é perceber que estas organizações precisam de capacidade de gestão financeira e recursos humanos e de interação com organismos da segurança social. A maioria destas organizações são de reduzida dimensão e assentam no voluntariado”. Além disso, “é preciso outro tipo de ajuda, outro tipo de financiamento, que garanta o funcionamento normal porque estas instituições, em muitos locais, são as âncoras do ponto de vista da estabilidade social e da coesão social e de um conjunto de populações extremamente vulneráveis, sobretudo no caso da população mais idosa”.

Pedro Dominguinhos acrescenta que estão em causa “sobretudo IPSS, Misericórdias, Bancos Alimentares, cooperativas, e também Cáritas, a nível distrital. Também nas mais variadas áreas desde educação, cultura, artes e apoio aos idosos e aos jovens”.

O estudo é publicado hoje, dia 29 de julho, no site de ambos os politécnicos que o realizaram em conjunto, e revela que pelo menos 19% das instituições sondadas revelam preocupação com a sobrevivência nos próximos dois meses.