Uma petição com 2.200 assinaturas, lançada há menos de uma semana, exige a suspensão do projeto da Mina da Lagoa Salgada, destinada à extração de cobre, zinco, chumbo e, numa fase secundária, prata, ouro e estanho, nos concelhos de Grândola e Alcácer do Sal, no Alentejo. O documento, dirigido à ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, aos autarcas locais, ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), alerta para os impactos ambientais e sociais do projeto, descrito como “um tumor na planície alentejana”.
Os peticionários apontam riscos como a contaminação de aquíferos numa Área Estratégica de Proteção e Recarga de Aquíferos, o elevado consumo de água numa região afetada por seca extrema, a acumulação de nove milhões de toneladas de resíduos numa área equivalente a “90 campos de futebol” e a alteração drástica da paisagem. A longo prazo, alertam para a contaminação do solo e da água, considerando os empregos prometidos “uma ilusão temporária”, já que a mina terá uma vida útil de apenas 11 anos, com início previsto para 2026. A petição solicita às entidades um parecer desfavorável, a impugnação do projeto em tribunal e o indeferimento de licenças municipais.
A associação Proteger Grândola – Associação de Defesa do Ambiente reforçou as críticas numa carta aberta à APA, sublinhando o risco de contaminação de recursos hídricos e a incompatibilidade do projeto com o desenvolvimento sustentável da região. A associação ambientalista Zero também questionou a atribuição do estatuto de Projeto de Interesse Nacional (PIN) a uma exploração com impactos ambientais e sociais significativos.
Os promotores da mina propõem medidas de compensação, mas enfrentam oposição das câmaras de Grândola e Alcácer do Sal, que já manifestaram posição contrária. A APA está a avaliar o Estudo de Impacte Ambiental, que determinará o futuro do projeto.