9 Outubro 2018      11:39

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Património cultural em risco: Estamos preparados para eventuais catástrofes?

O incêndio de grandes proporções que atingiu o recentemente Museu Nacional no Rio de Janeiro fez levantar os sinais de alarme. As instituições detentoras de coleções patrimoniais devem ter cada vez mais a noção sobre necessidade de desenvolver mecanismos de prevenção e de resposta adequados a situações de catástrofe, que podem ter, como sabemos, efeitos devastadores.

No caso do contexto alentejano, a prevenção contra estes e outros tipos de sinistros deve ser prioritária. Mas a questão coloca-se: será que todos os monumentos e equipamentos culturais alentejanos estão preparados para enfrentar estes riscos?

Cada vez mais, é necessário fazer uma aposta na prevenção, com a definição de planos de segurança atualizados, que permitam uma rápida intervenção nos edifícios e nas coleções, de modo a alcançar os menores danos possíveis, no caso de tragédia. Este facto implica um amplo conhecimento das realidades e das condições estruturais de edifícios e de bens, assim como uma correta gestão dos recursos humanos e materiais.

Tenho algumas dúvidas sobre a existência de planos detalhados em termos de emergência e de segurança contra incêndios no que concerne a uma percentagem considerável de monumentos visitáveis e museus do contexto alentejano.

De modo a evitar tragédias de consequências imprevisíveis, torna-se necessário proceder a uma reavaliação de todos os mecanismos de segurança, em conjugação com as Câmaras Municipais, Bombeiros e a Autoridade Nacional da Proteção Civil, definindo regras e aplicando medidas preventivas concretas, que permitam uma rápida atuação em caso de ocorrências como incêndios, sismos, inundações e roubos.

Todos os museus e equipamentos culturais, de acordo com a legislação em vigor, devem ter planos de segurança. Estes documentos orientadores devem integrar dados precisos sobre formas de agir e promover, sobretudo, metodologias em termos de prevenção. A identificação de procedimentos, assim como a definição de estratégias relativas aos meios de intervenção devem ser prioritárias.

Considerar o impacto imediato e as consequências futuras destes riscos, definir as medidas de prevenção a tomar, neutralizar as causas em situações de sinistro, determinar a amplitude dos estragos e programar a recuperação dos objetos, tudo isto faz parte da planificação que deverá ser assumida como prioritária. Ou seja, os planos de segurança devem ser instrumentos globais, elaborados tendo em conta a realidade concreta de cada instituição, nomeadamente, o edifício, a natureza das suas coleções, o pessoal, os recursos de que dispõe e o espaço geográfico em que se situa, porque a cartografia dos riscos é, obviamente, variável.

O mais importante é identificar as situações de risco, delinear planos e realizar simulacros, revendo sempre as falhas, para poder dar uma boa resposta em caso de desastre. Será que estamos preparados?

 

Imagem de capa de Ricardo Moraes/Reuters

 

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