14 Outubro 2022      12:25

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Paleoclima da Costa Alentejana e Vicentina alvo de estudo internacional

“Paleoclima da margem ibérica” é o nome da expedição que saiu de Lisboa a bordo do navio de furação Joides Revolution no dia de ontem, 13 de outubro. Esta encontra-se inserida no Programa Internacional para a Descoberta do Oceano – IODP e chega ao fim no dia 11 de dezembro.

A liderança desta expedição está a cargo de David Hodell, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e de Fátima Abrantes, investigadora principal com agregação do IPMA e colaboradora do CCMAR da Universidade do Algarve, como noticia o Sul Informação.

“O objetivo da expedição é reconstruir o clima dos últimos 3 milhões de anos, com particular atenção para os períodos mais quentes e com níveis atmosféricos de CO2 similares aos valores esperados para 2030”, esclarece o IPMA, citado pela mesma fonte, salientando ainda que os dados obtidos vão permitir calcular de uma forma mais exata eventuais mudanças que ocorram na circulação oceânica e no clima. 

Entusiasmada com o desafio, Fátima Abrantes, também citada pelo Sul Informação, considera que esta expedição poderá revelar-se uma das mais importantes para os estudos de paleoclima que venham a acontecer no futuro.

A escolha da margem ibérica, especialmente da Costa Alentejana e da Costa Vicentina, deveu-se às suas características singulares, uma vez que os sedimentos que existem debaixo do fundo oceânico registam de forma fiel as condições climáticas que se verificam nos gelos da Gronelândia e da Antártica, tornando-se, assim, possível proceder a comparações inter-hemisféricas num só lugar.

Além disso, por haver uma elevada taxa de sedimentação, é possível obter uma resolução temporal de centenas de anos, ao passo que a proximidade da costa vai facilitar a obtenção de informação sobre o clima do continente. Ao mesmo tempo, o estudo da evolução das diferentes massas de água do interior do Atlântico Norte também se torna mais simples devido à variabilidade batimétrica das montanhas dos Príncipes de Avis.

Esta expedição junta uma equipa de carácter multidisciplinar da qual fazem parte 26 investigadores da China, do Japão, da Austrália, da Índia, dos Estados Unidos da América, da Alemanha, da Espanha, de França, de Portugal e do Reino Unido e ainda técnicos da IODP, que trabalham em turnos de 12 horas de forma a assegurar a análise em simultâneo de diversos parâmetros dos sedimentos à medida que estes vão sendo recolhidos.

Durante esta iniciativa, é possível ser estabelecido contacto com o público, através das ligações ao navio durante a expedição ou de visitas dos investigadores às escolas, podendo ser solicitadas mais informações para o endereço de e-mail thejoidesresolution@gmail.com

 

Fotografia de viagens.sapo.pt