8 Março 2020      11:31

Está aqui

Os jardins não nascem de um dia para o outro

Na minha cabeça já só andaria para frente; mas virei as costas. Foi mais forte que eu. Algo me puxou. Caí, de novo. Numa lama suja que me embrulha de uma forma, (in)felizmente, familiar.
Jamais pensaria que os meus passos se enganassem, e regressassem anos atrás. Percebi isso quando senti os meus pés a queimarem, ao mesmo tempo que o vento embalava os meus fios longos de cabelo numa balada desajeitada.
Toco na minha face; que aparentemente, está sedosa das lentas lágrimas quentes que desaguam na minha pele. Consigo sentir a minha pele, consigo sentir-me, logo, está tudo bem. Como sempre estivera. Como sempre estará. 
Chego à conclusão que vou cair. Todos vamos. Mas, de tantas quedas que já dera, o meu corpo está imune, ficando assim sem marcas. Mesmo
assim, tenho uma força brilhante. Levanto-me. Regresso à vida. Não por mim, mas por tudo o que me rodeia. Força para me erguer e, finalmente, respirar. Respirar.
Estou de pé.
O meu coração que outrora era preenchido por um pequeno vidro frágil, é agora recheado de coragem. 
Tenho-me a mim. Ganhei-me a mim. E enquanto me tiver; não preciso de mais nada. Eu, consigo tudo o que quiser. E tu, que estás a ler isto, também és capaz. Todos nós conseguimos passar os nossos obstáculos, há sempre uma luz que nos guiará, só temos de procurá-la e segui-la. Quando aprenderes por ti mesmo, não pedirás por mais nada. Terás uma extrema vontade de ajudar o próximo. Se eu consegui, tu também consegues. Nunca estarás sozinho. Acredita. 

Uma vez disseram-me, “os jardins não nascem de um dia para o outro” e é essa a frase que todos os dias caminha junto a mim.

 

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Rita Medinas, natural de Reguengos de Monsaraz, com dezoito anos e estudante do Curso de Português na Universidade de Coimbra.